Bob Fernandes aponta petróleo como motor da ofensiva dos EUA na Venezuela: “isso pode virar guerrilha”

A escalada de tensão entre Venezuela e Estados Unidos reacendeu o temor de uma nova intervenção militar na América Latina. O governo de Nicolás Maduro acusa Washington de tentar derrubá-lo com apoio da CIA, após Donald Trump admitir ter autorizado operações secretas no país. Durante o programa Três Pontos desta quinta-feira (15), o jornalista Bob Fernandes afirmou que o verdadeiro motivo por trás da crise vai além do discurso político e tem raízes econômicas profundas.

“O pano de fundo disso, assim como o Iraque, é o petróleo. Trezentos bilhões de barris de óleo pesado, que é o óleo que os Estados Unidos usam. A PDVSA, não sei hoje como está, mas, na época do Chávez, tinha 16 mil postos de gasolina na costa leste dos Estados Unidos e seis refinarias. Perdeu, porque quando deram com o Guaidó — aquele outro candidato a presidente por cima, que foi sem nunca ter sido, lembra? — aquele lá torrou grana, torrou bilhões também, e não aconteceu nada. Não sei como é que está a PDVSA exatamente hoje, em que pé, né? Mas isso é o pano de fundo, ou o pano de frente, dessa questão na Venezuela”, disse.

Segundo Bob Fernandes, o cerco norte-americano repete um padrão histórico de disputas por recursos estratégicos, semelhante ao que ocorreu no Iraque. O jornalista aponta que o controle do petróleo venezuelano e a desestabilização política do país favorecem interesses externos, enquanto a população enfrenta o risco de um conflito prolongado. Ele observa ainda que a ausência de resposta efetiva de organismos internacionais amplia o risco de agravamento da crise.

“Isso está levando à disputa interna, porque o homem forte lá junto às Forças Armadas chama-se Diosdado Cabedio. Que é hoje ministro do interior, já foi vice-presidente e tal, que é o cara forte. Então tem uma disputa lá dentro. Isso vai acirrar essa disputa. Quem é forte nas Forças Armadas é ele. Agora, que capacidade vai existir pra você enfrentar?[...]  O que vai acontecer agora é que o Diosdado vai chamar o Petar, que é o bairro que tem um milhão e meio de pessoas. Tem muita gente com arma. Agora, qual é a capacidade que você vai ter de enfrentar? O problema é isso virar guerrilha. Porque lá tem selva, tem mata”, concluiu o jornalista.

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