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Sergio Augusto aponta um retrato das “trevas da ditadura” em ‘O Agente Secreto’

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Sergio Augusto aponta um retrato das “trevas da ditadura” em ‘O Agente Secreto’

Jornalista analisou o novo filme de Kleber Mendonça Filho como thriller político e autoral

Sergio Augusto aponta um retrato das “trevas da ditadura” em ‘O Agente Secreto’

Foto: Reprodução/YouTube

Por: Metro1 no dia 13 de novembro de 2025 às 13:20

Atualizado: no dia 13 de novembro de 2025 às 13:43

O novo filme “O Agente Secreto”, de Kleber Mendonça Filho, mergulha no Recife dos anos 1970 para revisitar as sombras da ditadura militar. Durante o programa Três Pontos, desta quinta-feira (13), o jornalista Sergio Augusto comentou que a obra é um thriller político que reafirma a força autoral do diretor e expõe bem a ditadura.

“Acho que é um filme brasileiríssimo. Vi quase todos os filmes do Kleber, inclusive os curtas-metragens, e é uma das raras filmografias em que os filmes intensamente conversam entre si. É incrível isso. Você vê O Som ao Redor, Aquarius, Bacurau e todos esses filmes se interpenetrando no Agente Secreto. Ele tem uma visão, um estilo bem definido, e você é capaz de reconhecer: “esse é um filme do Kleber”. Pelo uso da cor, pela própria montagem, pelo som — que é muito bom —, pelo uso da música de rádio, da feira, das vozes, dos atores. É muito feliz”, disse.

Augusto destacou que, embora muitos esperassem um filme explicitamente sobre espionagem, a obra consegue trazer a ditadura, em si, como que tema permeia toda a narrativa. Para ele, a repressão aparece nas frestas, nos sons de rádio, nas ruas e nos silêncios. “É um thriller político, não um filme de espionagem, como muita gente desavisada foi ver. As trevas da ditadura militar entram no filme por vários buracos, digamos assim”, acrescentou.

Ele também ressaltou as referências de Buñuel, David Lynch, Tarantino e do cinema pernambucano dos anos 1970 e 1980. Apresentado em Cannes, o longa foi aplaudido por mais de 13 minutos e é apontado como um dos favoritos a representar o Brasil no Oscar 2026, reafirmando a relevância do cinema político e estético de Kleber Mendonça Filho.

“É um cinema autográfico, com um lado trash muito presente, que sei que Kleber gosta. E é muita cultura de Pernambuco também. Há uma tradição poderosa — de Bandeira, Joaquim Nabuco, João Cabral, Calasans Neto, Leandro Silva — que não termina nunca, inclusive no cinema. O primeiro surto de cinema pioneiro no Brasil foi nos anos 1920, em Pernambuco. Depois, nos anos 1990, é que volta. Mas lá nos anos 1920 já havia um movimento cinematográfico muito forte no Estado”, concluiu.

Confira o programa completo: