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Sociedades médicas criticam decisão da Conitec que veta inclusão de remédios para obesidade e diabetes no SUS

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Sociedades médicas criticam decisão da Conitec que veta inclusão de remédios para obesidade e diabetes no SUS

Entidades alertam para desigualdade no acesso e defendem que Wegovy e Saxenda, barrados por custo, oferecem benefícios clínicos que podem reduzir gastos futuros

Sociedades médicas criticam decisão da Conitec que veta inclusão de remédios para obesidade e diabetes no SUS

Foto: Reprodução

Por: Metro1 no dia 23 de agosto de 2025 às 16:30

A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS (Conitec) decidiu, na quarta-feira (20), não incluir os medicamentos Wegovy e Saxenda na rede pública de saúde, decisão que gerou forte reação de entidades médicas ligadas ao tratamento da obesidade e da diabetes. Para as sociedades, a medida representa um retrocesso no acesso a terapias inovadoras.

Em comunicado conjunto publicado neste sábado (23), a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) expressaram preocupação com o impacto da decisão.

Os medicamentos são produzidos pela Novo Nordisk: o Saxenda (liraglutida) é indicado para obesidade e diabetes tipo 2, enquanto o Wegovy (semaglutida) é voltado para pacientes com obesidade e doenças cardiovasculares a partir dos 45 anos.

As entidades argumentam que negar o acesso a tratamentos aprovados pela Anvisa amplia as desigualdades. “Hoje, sete em cada dez pessoas com obesidade dependem exclusivamente do SUS. Esse sistema que é muito bem delineado, um exemplo para outros países e que deve ser um orgulho nacional, precisa evoluir com urgência no cuidado às pessoas com obesidade”, destaca a nota.

O principal motivo para a negativa, segundo a Conitec, é o alto custo. A comissão estima que, em cinco anos, os gastos poderiam chegar a R$ 8 bilhões, considerando que os medicamentos são de uso contínuo, o que pesaria sobre o orçamento público.

As sociedades médicas, no entanto, contestam esses cálculos. Para elas, a análise desconsidera benefícios indiretos dos tratamentos, como a redução de complicações associadas à obesidade e diabetes. “A escolha das premissas resultam em valores que inviabilizam as incorporações. Uma vez que nem todos os benefícios da perda de peso estão avaliados nos estudos clínicos utilizados nas análises, não é possível a inclusão dos mesmos nos cálculos técnicos”, diz a nota, que defende ainda restrições populacionais para reduzir custos.

Indústria também se posiciona

A Novo Nordisk afirmou, em nota, que reconhece os desafios fiscais do país, mas reforça a eficácia e a relação custo-benefício de seus medicamentos. A empresa diz que seguirá em diálogo com autoridades e gestores.

Especialistas destacam que a decisão da Conitec expõe o desafio de conciliar inovação e orçamento. A pressão de sociedades médicas, fabricantes e pacientes deve manter o tema em evidência, mas, por enquanto, quem depende do SUS segue sem acesso a terapias já disponíveis no setor privado.