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Quarta-feira, 31 de dezembro de 2025

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Barulho de fogos afeta autistas, idosos e crianças na virada do ano

Saúde

Barulho de fogos afeta autistas, idosos e crianças na virada do ano

Especialistas alertam para crises sensoriais e defendem alternativas sem estampido nas celebrações

Barulho de fogos afeta autistas, idosos e crianças na virada do ano

Foto: Alexandre Macieira/SECOM

Por: Metro1 no dia 31 de dezembro de 2025 às 11:00

Tradicionais no Réveillon, os fogos de artifício podem causar prejuízos significativos a pessoas mais sensíveis ao barulho, como indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), idosos e crianças. Especialistas alertam que os efeitos do ruído intenso podem ultrapassar o momento da virada e provocar impactos duradouros, especialmente no sono e no comportamento.

O neuropediatra e professor da PUCPR, Anderson Nitsche, explica que a hipersensibilidade auditiva comum em pessoas autistas pode gerar sofrimento prolongado. “As crianças e pessoas autistas têm uma sensibilidade maior ao som e isso causa uma perturbação momentânea, mas que pode até durar por mais tempo, gerando sofrimento de insônia durante alguns dias”, afirma.

Segundo especialistas, o barulho pode desencadear crises sensoriais em pessoas com TEA, com reações que variam de ansiedade e irritabilidade até comportamentos agressivos. A neurologista Vanessa Rizelio destaca que o cérebro dessas pessoas interpreta o som como algo negativo, o que leva à tentativa de fuga da situação. “O cérebro deles entende como uma coisa negativa, algo que está gerando um desconforto e a reação vai ser sair daquela situação. Muitas vezes, isso se vai manifestar como ansiedade, irritabilidade, fora o prejuízo depois no sono que pode impactar até o dia seguinte”.

A neuropediatra Solange Vianna Dultra ressalta que o impacto também é físico. “O coração dá uma descarga de adrenalina, acelera, a pressão sobe. Eles não conseguem entender que é uma festa. É como se estivessem no meio de um tiroteio”, afirmou.

Diante desse cenário, algumas cidades têm adotado fogos sem estampido, espetáculos de luzes e apresentações com drones. Para a psicóloga Ana Maria Nascimento, essas alternativas mantêm o caráter coletivo da celebração e ampliam a inclusão. “Celebrar pressupõe convivência. Quando a alegria de uns depende do sofrimento de outros, é legítimo questionar se essa tradição ainda faz sentido”.

Além das pessoas com TEA, idosos, especialmente os que têm demência, podem apresentar delírios e prejuízos cognitivos após a exposição ao ruído. Bebês também são afetados, já que o barulho interfere diretamente no sono. Especialistas defendem mais empatia, fiscalização e adaptação das tradições para reduzir os impactos e garantir uma celebração mais inclusiva.