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Golpismo tardio

Sim, Bruce Lee é uma verdadeira lenda para mim e para muita gente até hoje. Talvez hoje seja uma lenda ainda maior, já que o mito só cresce com o passar do tempo
Foto: Reprodução
Nesta quinta-feira, 20 de julho, completam-se exatos 50 anos da morte de Lee Jun-fan — ou melhor, de Bruce Lee, talvez o maior difusor das artes marciais no mundo inteiro. Cresci impressionado com suas atuações em filmes como “Operação Dragão” e “O Vôo do Dragão”, lançados mais de 15 anos antes, de modo que, para mim, ele nunca nasceu ou morreu, apesar de ambos, nascimento e morte do ator-lutador, virem envoltos em névoas, boatos e mistérios. Como é que se diz mesmo? Lenda? Sim, Bruce Lee é uma verdadeira lenda para mim e para muita gente até hoje. Talvez hoje seja uma lenda ainda maior, já que o mito só cresce com o passar do tempo. Por exemplo, nesta semana icônica ele chega ao “Honor of Kings”, o game online para diversos jogadores que faz mais sucesso no mundo, febre entre pessoas que não eram nascidas sequer nos anos 1990.
O físico perfeitamente talhado em corpo magro, a postura, a perfeição dos movimentos, as frases algo zen, enfim… a aura geral de Bruce Lee tornaram-no único, inimitável, apesar de tão influente. Não à toa, sua figura pop marca-se ao século XX assim como as de Einstein, Gandhi e Pelé. Isso fica muito claro na sátira que o grande Quentin Tarantino fez dele em “Era Uma Vez em Hollywood…”. O ator que encarna o Bruce Lee arrogante, falastrão e fraco fica tão aquém do Bruce de verdade na tentativa de uma atuação realista (apesar de irônica, rocambolesca) que no fim, para mim, soa como involuntária homenagem. Quase tão boa como a verdadeira homenagem que o mesmo diretor lhe prestou em Kill Bill.
Para mim é ainda espantoso que ele tenha morrido bem no início dos anos 1970, já que sempre o associei ao melhor da estética daquela década, como signatário. Quando na verdade ele, atuando majoritariamente nos anos 60, ajudou então a configurá-la. “Tranquilo e infalível como Bruce Lee” virá o índio profetizado em canção por Caetano Veloso. “Como Àgua: Like Water” é o título do documentário sobre o nosso genial Anderson Silva. Como se vê, aqui no Brasil Bruce Lee está com tudo. E quando o pai da bossa nova disse que “"é preciso que o som da voz se encaixe no do violão com a precisão de um golpe de karatê", talvez estivesse pensando nele.
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