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Itaú paga Fernanda Montenegro, Madonna e Jorge Benjor para me ameaçar

Itaú paga Fernanda Montenegro, Madonna e Jorge Benjor para me ameaçar

No Brasil, um banco é como uma facção criminosa. Leio Itaú quase como leio PCC

Itaú paga Fernanda Montenegro, Madonna e Jorge Benjor para me ameaçar

Foto: Reprodução

Por: James Martins no dia 22 de fevereiro de 2024 às 00:00

Deixei 200 reais involuntariamente parados numa conta poupança da Caixa Econômica Federal. Sim, involuntariamente. Meu cartão venceu e o banco, em sintonia com o mundo moderno, não emite o novo para o meu endereço, mas para a agência. E, na agência, mais uma facilidade incrível, em vez de um sistema de entrega expressa (já que a operação dura poucos minutos) eu tinha que pegar a mesma fila de quem queria pegar ou negociar empréstimos, fazer e/ou renovar cadastramento para benefícios tipo Bolsa Família etc etc etc. Resultado, desisti. E, como já disse, deixei lá, rendendo, os meus suados e míseros 200 reais. Seis anos depois, avistei uma fila pequena e entrei. Desisti do cartão, pois já tinha sido recolhido e eu teria que pedir outro e reiniciar o martírio. Apenas solicitei o saldo e saquei o dinheiro para dar por encerrada minha relação com uma instituição tão arcaica. Saldo: R$ 202! Sim, tive o extraordinário rendimento de 2 reais em seis anos. Agora, imagine você se eu tivesse pego a mesma quantia emprestada, quanto não estaria devendo?!?

Pois é, o poder que as instituições bancárias têm no Brasil é coisa criminosa. Até por serem bem poucas e poderem, assim, facilitar a formação de cartel — incluindo os dois bancos públicos. Nos EUA, coração do mundo capitalista, existem muitos bancos disputando a clientela mediante taxas pequenas e outros benefícios. Em novembro do ano passado, noticiou-se que o Brasil voltou a ter a maior taxa de juros reais do mundo. Na mesma época, um comercial muito bonito trazia Madonna, Jorge Benjor, Ronaldo Fenômeno, Marta, Ingrid Silva e Fernanda Montenegro, todos falando em nome do Itaú que ele, o banco, era “feito de futuro”. Fiquei com o meu no ponto! “Estou lenhador para sempre”, foi o que pensei. Vejam bem, não sou do tipo que tem ódio de banqueiro, nem de gente rica, nem sustento esse papinho demagógico na maioria das vezes movido por inveja. Mas, o fato é que, no Brasil, um banco é como uma facção criminosa. Leio Itaú quase como leio PCC. Com a diferença de que um é legalizado. E ver aqueles ídolos sorrindo em nome de uma instituição que mantém na miséria tantos brasileiros, me doeu de verdade.

Soube que só Madonna ganhou US$ 13 milhões de dólares, o equivalente a 60 milhões de reais, pela ameaça. Em tupi, Itaú significa “pedra preta”, que já foi apelido de presídio na Bahia, sempre lembrado por Mário Kertész. É a esse futuro que estamos acorrentados. Com o aval dos artistas. Inclusive de esquerda.