O massacre em Gaza e a cumplicidade dos EUA

Esse bombardeio de Israel ao Irã apagou um pouco o brilho trágico do que os militares israelenses têm feito em Gaza. Mas, de repente, algo nos lembra de que esse continua sendo o episódio trágico mais importante do momento.

Ontem, por exemplo, no final da noite, a televisão alemã transmitiu um pequeno documentário — um registro jornalístico muito bem-feito — de um momento da guerra. De alguma maneira, soldados israelenses e funcionários em Gaza atraem os famintos para recolher algumas ajudas alimentares. Quando se forma um grupo numeroso, porém, os soldados israelenses simplesmente abrem fogo de fuzis e metralhadoras sobre o grupo. 

Foi um dia de “êxito” na caça israelense: mais de 50 mortos, principalmente crianças e adolescentes. Dormir depois de algo assim é difícil; a imagem fica rolando na cabeça. Como é possível que o ser humano chegue a tais monstruosidades? Não se trata de um ou dois indivíduos, é um grupo, uma enorme coletividade que inclui governo, comando militar, pilotos, artilheiros e fuzileiros. É  multiplicação de monstruosidades humanas que já não surpreende, mas continua a causar dor até em quem está a milhares de quilômetros de distância. É uma força de brutalidade mortal.

Já é tempo de reconhecer que os palestinos estão sendo massacrados por Estados Unidos e Israel. Israel e EUA contra a Palestina — assim como EUA e Ucrânia contra a Rússia. Porque os  Estados Unidos participam tanto quanto Israel. Os aviões os foguetes israelenses não existiriam sem o armamento e a munição fornecidos pelos Estados Unidos. Os caças que atacam o Irã e suas bombas e foguetes também são americanos. Os EUA estão tão presentes na guerra e no ataque ao Irã quanto qualquer piloto, artilheiro, comandante ou governante de Israel.

*A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras