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Julgamento de cortes

O grupo de gênios achou por bem aceitar um convite do lobby e da propaganda de guerra do governo israelense para conhecer tecnologias de segurança pública
Foto: Reprodução
Num cenário que embora trágico tinha todo potencial para se tornar meme, uma comitiva de prefeitos, vice-prefeitos e secretários municipais de capitais e do interior do Brasil de repente se viu encurralada em um bunker em Tel Aviv, Israel, quando eclodiu a guerra do país contra o Irã. Parecia humor de ficção quando, do nada, brotavam prefeitos brasileiros aprisionados dando sucessivas entrevistas a emissoras de televisão no Brasil. Os memes traduziam melhor o surrealismo da coisa: “O que o prefeito de Santarém está fazendo em um bunker em Israel?”.
O grupo de gênios achou por bem aceitar um convite do lobby e da propaganda de guerra do governo israelense para conhecer tecnologias de segurança pública e de vigilância eletrônica. Não, não eram governadores, a quem cabe, constitucionalmente, a atribuição da segurança pública. Eram prefeitos, muitos de cidades do interior do Brasil, que resolveram ignorar os alertas já existentes antes de sair do Brasil quanto ao risco de viajar para uma região sob tensão.
Imaginemos o quanto a gestão pública de Divinópolis, interior de Minas Gerais, poderia trazer, na volta, estratégias de tecnologia israelense para garantir a segurança da população local, não é mesmo? Porta dos Fundos nunca pensaria num esquete desse naipe. Viajaram por livre e espontânea vontade de aceitar um mimo-publi para um evento de turismo de lobby, mas, ao se verem embaixo de mísseis iranianos em Tel Aviv, queriam porque queriam que o Itamaraty enviasse um avião para retirá-los de lá, com o espaço aéreo israelense fechado.
Carona de Mersinho
E haja entrevista do prefeito de Macaé na cobertura infinita da Globo News sobre o conflito, abastecendo a proliferação de memes. Um dos melhores comparava os expedicionários incidentais na guerra alheia aos cinco milionários que embarcaram num submarino, em junho de 2023, numa expedição que os levaria aos destroços do Titanic. Todos morreram, sob a pressão da água a cerca de 3.350 metros de profundidade.
O resto já se sabe: em vez de trocarem experiências sobre tecnologias de ponta para aplicar na praça da matriz, os prefeitos foram parar num bunker, sendo obrigados a se virar e sair por terra de Israel até a Jordânia, de onde o rico dinheiro do deputado Mersinho Lucena, filho do prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena, foi buscá-lo num avião fretado. Generoso, deu carona para todo mundo.
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