Um conselho ao presidente

Dar conselhos e palpites ao presidente e a políticos é uma prática de vários jornalistas brasileiros, mas eu repudio, porque como jornalista minha função é olhar o que fazem os políticos e administradores, não palpitar. Mas digamos que eu fosse dar um conselho ao presidente Lula, eu diria: “esquece a reeleição”. 

“Se vai ganhar ou perder, não interessa. Não faça mais nada pela reeleição, mas faça tudo o que for possível para fazer o que esse país precisa”, diria. “Se o Brasil está precisando do IOF, é sua obrigação lutar para fazê-lo e não fazer concessão porque dois senadores não estão interessados em que haja o IOF. Se vai haver propaganda contra, se a mídia vai distorcer e usar com maldade, não tem importância, porque você não será candidato”. 

Enquanto os presidentes, com vistas à reeleição, estiverem dependentes do conceito público feito pela mídia, da tolerância do Senado e da Câmara com as suas medidas e da necessidade de conviver sem conflito para que os partidos não o abandonem nas votações, não há nada a esperar em termos de melhoria. O Congresso não é o Executivo, mas hoje se vê um presidente de Poder Legislativo dando prazo ao ministro da Fazenda para adotar uma medida que ele, presidente do Senado, aceite. É inacreditável que isso aconteça.

É preciso acabar com a reeleição. Ela já nasceu mal, nasceu de corrupção praticada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, comprando a dinheiro votos de deputados corruptos vendáveis. Começou como corrupção e ainda corrompe a política e a administração brasileira.

*A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras