Sexta-feira, 20 de junho de 2025

Faça parte do canal da Metropole no WhatsApp

Home

/

Artigos

/

Julgamento de cortes

Julgamento de cortes

Bolsonaro passou o tempo todo no STF falando para as redes, como se estivesse em um palanque digital

Julgamento de cortes

Foto: Metropress

Por: metro1 no dia 19 de junho de 2025 às 07:05

Jair Bolsonaro ficou pela primeira vez frente a frente com o ministro Alexandre de Moraes no Supremo Tribunal Federal (STF) na última semana. Personagem importante, Moraes surge como uma representação de tal relevância na política após investigar uma ação de um hacker contra a esposa do ex-presidente da República Michel Temer. Ciente da linguagem digital, ele chega ao Supremo consciente do poder das mídias e, por isso, proibiu o Bolsonaro de usar 12 vídeos durante o depoimento sobre a ação de tentativa de golpe de Estado que ocorreu na terça-feira (10). 

Mesmo proibido de divulgar os vídeos da audiência, Bolsonaro passou o tempo todo falando para suas redes, gravando cortes, como se estivesse em um palanque digital. Tudo ali foi montado para virar corte. 

Ele transformou um julgamento em conteúdo para YouTube e Instagram. Essas plataformas são braços de construção de poder não só no Brasil, mas no mundo todo, porque atribuem seus movimentos cada vez mais ao desejo do usuário, que é moldado exatamente pelo que é impulsionada como lucrativo para as empresas.

O general Freire Gomes e o ex-ajudante de ordens Mauro Cid revelaram, também em depoimentos, que setores das Forças Armadas estavam informados e até envolvidos nas articulações golpistas, sugerindo que a comunicação digital também servia como coordenação interna. No interrogatório de Cid, entre as coisas mais reveladoras que eu ouvi, foi que as manifestações diante dos quartéis tiveram primeiro o apoio tácito dos comandantes. Os manifestantes pediam ditadura, AI-5, intervenção militar, e os comandantes deram apoio.

As cúpulas sabiam de tudo. Não agiram ou não informaram ao governo futuro sobre o plano de golpe porque não quiseram. E o mais assustador é que tudo isso é feito diante do público, das crianças, dos jovens que assistem pelo celular. Isso educa para a barbárie, normaliza o absurdo. E os que deveriam conter, como o presidente da Câmara, simplesmente assistem.

* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras

Artigos Relacionados