
Datena é a estrofe do Raça Negra
Pela enésima vez pré-candidato em São Paulo, Datena está aí para mostrar que é fiel aos seus modos

Foto: Reprodução
A maior surpresa da campanha eleitoral para a Prefeitura de São Paulo é um fenômeno que o brasileiro já conhece há 30 anos: José Luiz Datena, o âncora da Band e agora candidato do PSDB. Associar Datena a surpresa é algo meio sem sentido, mas em nenhum cenário imaginava-se que ele fosse tão ruim de prosa eleitoral na TV como tem se revelado nessa arrancada como candidato. E olhe que nem começou a veiculação da propaganda no rádio e na televisão.
Uma entrevista à jornalista Natuza Nery, para o podcast O Assunto, um debate com os demais candidatos na TV Band, a sua casa, e uma entrevista no programa clássico Roda Viva revelaram algo perto do horror, quando se trata de eficácia comunicativa e apresentação de propostas. Um título real de uma nota recente sobre o assunto, publicada no colunismo político, parecia ser de humor, mas não era: “Com mais de 30 anos de TV, PSDB quer treinar Datena para... a TV”.
Didididiê, Didididiêm iê
E o PSDB tem razão. Datena precisa ser treinado para o veículo onde atua há mais de três décadas. O âncora é irritado, grita com criminosos, políticos e com sua equipe de jornalistas. A grosseria exaustiva foi trazida para a candidatura. E não bastassem os modos, tem a forma de falar. Um fraseado entrecortado, vacilante, cheio de muletas orais. Há instantes em que titubeia numa gagueira tal que leva a crer que vai cantar a estrofe do Raça Negra: “iê, didididiê, didididiê, iê, iê...”
Pela enésima vez pré-candidato à Prefeitura de São Paulo (desistiu em todas as campanhas anteriores), Datena está aí para mostrar que é fiel aos seus modos. Continua preso ao seu papel de âncora bruto de programa policialesco, talvez por não saber fazer diferente. Não se deixa ser entrevistado. Interrompe todo mundo, responde o que quer pelo tempo que quer e parece um repulsor de votos. Do guarda-roupa de gatalho usado nas entrevistas ao conteúdo das falas, é um rinoceronte numa sala de cristal.
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