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É a seca e a porção ogro do agro
Esses incêndios são basicamente ou principalmente em áreas da porção ogro do ruralismo
Foto: Reprodução
O Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais já registrou nesse ano mais de 160 mil focos de incêndio, o dobro do ano passado. Na minha visão, obviamente há uma ruptura entre políticos e seus partidos esse aspecto absolutamente visível e perceptível da realidade. Numa cidade e num estado sufocados como São Paulo, isso não tem sido nem tema periférico no horário eleitoral de rádio e TV, e mesmo nas redes dos candidatos.
Uma seca brutal, uma das maiores da história, que já mudou o clima. E apenas no dia do fogo, 23 de agosto, e dois dias seguintes, houve suspeita de incêndio criminoso e prisões. Imagine se isso fosse em áreas onde existem acampamentos do MST. Não são, esses incêndios são basicamente ou principalmente em áreas da porção ogro do ruralismo e de estados governados pela direita e extrema direita. Está espalhado pelo país, mas o grosso está em Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso e no interior conservador de São Paulo.
Na semana passada, a cidade de São Paulo registrou o pior índice de poluição entre todas as grandes cidades do planeta, quem mede isso é o site de monitoramento suíço chamado IQAir. Na Amazônia, quase 1/3 das áreas queimadas está em áreas de pastagens, 41% das queimadas são em áreas de vegetação não florestal e 32% estão em áreas de floresta e o pior: em florestas úmidas, onde até pouquíssimo tempo isso não acontecia.
Está se alastrando nesses últimos dias e chegando próximo a cidades. Em algumas cidades certamente é fruto da seca, em outras parece mais do que coincidência: por exemplo, em Bragança foi quase dentro da cidade, numa floresta urbana; em Sorocaba, Campinas e Osasco foi em uma espécie de Alphaville. Ação humana. É a seca histórica, mas é também a porção ogro do agro e dos que adoeceram nesses últimos anos com o negacionismo climático. Quem lembra? Chamavam quem denunciava de esquerdopatas, ecochatos, papo comunista. São basicamente os mesmos que negavam a covid e agora negam a mudança climática.
* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quintas-feiras
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