Virgínia se diverte na CPI

O dia foi intenso na terça-feira. A influencer mais rica do país foi depor de moletom no Congresso, Janja protagonizou uma cena diplomática na China e Pepe Mujica e Divaldo Franco morreram. Os dois tiveram e terão os obituários que merecem, com direito, inclusive, a haters, pois nada nem ninguém escapa disso nos megafones digitais. Parte da esquerda ficou zangada com Divaldo por questões políticas e eleitorais. Parte da direita é incapaz de compreender a grandeza de Mujica e o reduz a um entusiasta da maconha, por tê-la legalizado no Uruguai. 

Sobre Janja, a crônica política continuará lhe dando o destaque que ela busca, embora não com esse enquadramento de agora, estimulado, pelo que se vê, pelos próprios companheiros do marido, que se queixam do cerceamento imposto por ela em torno do marido, até mesmo aos amigos do passado. Os insatisfeitos com a desenvoltura de Janja certamente usarão o céu turvado pela crise do INSS para fazer chegar a ela conselhos de que deve se conter ainda mais para não piorar a crise na avaliação popular do governo e encarecer os apoios. Essa agenda continuará em movimento. 

Vampiros, selfies e desgraça

Como em uma semana ninguém mais lembrará do episódio Virgínia, de sua performance e da tietagem deslumbrada dos parlamentares da CPI das BETs, vamos gastá-la como tema da semana. Para quem não sabe quem é ela, não faz a menor diferença: mais de 53 milhões de brasileiros sabem, compram seus produtos, são aficionados por tudo o que ela mostra e acompanham tudo sobre seu casamento, rotina, filhos e extravagâncias. 

Sim, ela é garota propaganda de bets, ganha milhões com isso e o senso comum tem todo o direito de se perguntar por que a moça é convocada para uma CPI que investiga crimes e lavagem de dinheiro das apostas online e tantas outras celebridades não são. O problema é o fenômeno da jogatina online ou a escala de alcance da celebridade que estimula as pessoas a apostar e perder o que não têm? Ah, dizem que, no caso dela, há lavagem de dinheiro e cláusula contratual da desgraça: ela ganharia mais dinheiro se os apostadores perdessem mais jogando. Ela nega, por óbvio, e diz que seus contratos são protegidos por confidencialidade. 

O que a presença de Virgínia gerou na CPI foi puro suco de entretenimento circense. Principalmente para a própria, que foi lá para se divertir, vestida de teen, com imperfeições na pele sem maquiagem, moletom, óculos de grau e copinho stanley infantil pink com canudo. Parlamentares brincaram de vampiros, ora parecendo que mordiam, ora soprando. Entre uma e outra perguntinha disfarçada de bronca pediam uma selfie, faziam um elogio e davam conselhos familiares, para parar de anunciar bets. Só faltaram chamá-la de ‘minha filha'. Como entretenimento, foi ótimo. Os seguidores acharam que ela saiu ‘grandona’. Nanico é quem a chamou.