A farsa da represália

Aqui no Rio de Janeiro, valentes jorna listas disseram em manchete que a política de taxação de Donald Trump se trata de uma represália ao Brasil. Represália a quê? O que o Brasil fez? Nem o texto que seguiu essa vergonhosa palavra na manchete invoca algo que indevidamente justifique esse termo. O uso de “represália” refere-se à pressão em benefício de companheiros ideológicos, no caso Bolsonaro, que não é citado. Esses jornalistas estão realmente exagerando.

Mas os bolsonaristas, que são os grandes e pequenos empresários, são os grandes prejudicados por essa política econômica. Por isso essa grita das mídias: elas são aliadas desse empresariado. A incapacidade de sequer preocupar-se em não repetir o que fizeram na Lava-Jato é escandalosa. Existe crime de imprensa que não é só o que está registrado como crime de imprensa. Enganar deliberadamente o leitor também é crime de imprensa. Esses jornalistas homenageiam assim os 100 anos do jornal em que trabalham?

Com toda a minha velhice e tempo que vivi, não me lembro de nada parecido com o que está acontecendo nos Estados Unidos. O Congresso americano aprovou a barbaridade do plano econômico financeiro de Trump com a eliminação de ajudas sociais internas e externas, de missões em marcha e brutalidades horríveis. E a Suprema Corte americana deu a Trump o reconhecimento do direito de fazer isso, um direito apenas suposto que, de repente, se tornou uma verdade constitucional nos Estados Unidos.

Nem mesmo aquelas monstruosidades europeias na década de 1930 se as semelham a essa liberdade tão grande que há nos Estados Unidos atual para a prática das maiores violências em nome de ação legal. E a reação a tudo isso se li mita a uns poucos discursos de democratas minoritários no Congresso americano e alguns artigos de jornalistas e veículos mais independentes e menos temerosos.

* A análise foi feita pelo jornalista no programa Três Pontos, da Rádio Metropole, transmitido ao meio-dia às quin tas-feiras