
Orlando Silva: 110 anos do Cantor das Multidões
Enquanto Frank Sinatra ainda cantava por 15 dólares semanais, Orlando Silva praticamente inventava a cultura pop musical

Foto: Reprodução
Orlando Silva, o Cantor das Multidões, faria 110 anos amanhã. Sim, ele nasceu no dia 3 de outubro de 1915, no Rio de Janeiro, então capital do Brasil. Órfão de pai e filho de uma lavadeira, o menino Orlando teve pouca instrução formal, mal tendo aprendido a ler e escrever. Porém, sua relação com as letras e melodias seria um verdadeiro primor e o consagraria como o maior cantor da história do país. E, o mais interessante, além de extremamente sofisticado, Orlando Silva também seria pop, pop, pop mesmo, daquele tipo que as mulheres se rasgam à sua passagem, que lotam espaços públicos, que vendem milhões de cópias. Um mix de Roberto Carlos e João Gilberto — ambos, aliás, confessadamente influenciados por ele. Hoje, quando o Google dá, como resultado da pesquisa, antes o político que o cantor, é preciso lembrar quem foi o Orlando Silva de verdade, para que sirva de exemplo à nossa indústria cultural e ao pensamento nacional.
Dizem que seu sucesso era tanto que, apenas andando pelas ruas do Rio, era possível ouvir-lhe a voz maviosa sem interrupção, pois todos os rádios estavam sintonizados na sua rádio. Fazer sucesso, no entanto, por incrível que pareça, não é tão difícil. O que Orlando Silva fez foi muito maior, um sucesso desafiando as engrenagens do sucesso fácil. Por exemplo: os compactos lançados à época traziam uma música forte de um lado e uma meeira do outro, para não desperdiçar. Pois Orlando só queria servir o creme do creme, assim que o lado B de "Carinhoso" era "Rosa", simplesmente. E suas interpretações não se destacavam pelo exibicionismo comum dos cantores de vozeirão. Não. Ele dividia com ousadia e malandragem, emitia com consciência, pronunciava com o esmero de um cantor das lied de Schubert. Até porque sabia que Pixinguinha era mesmo um Schubert.
Enquanto Frank Sinatra ainda cantava por 15 dólares semanais, Orlando Silva praticamente inventava a cultura pop musical. Um artista do tamanho do Brasil, a que o Brasil precisa estar à altura.
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