
Eduardo, Joesley e o hambúrguer
Quando Trump anunciou uma tal de “química excelente” com Lula, o que estava por trás eram os hambúrgueres da JBS, dos irmãos Batista

Foto: Reprodução
O tempo digital corre muito, muito rápido. Tão rápido que as pessoas que hoje fazem discursos inflamados de ódio ou amor eterno ao governo de plantão anos depois esquecem tudo. Lá pelos idos de 2019, comecinho do governo Bolsonaro, Eduardo, o filho 03, alimentou seriamente o sonho de ser indicado por papai como embaixador dos Estados Unidos. Para o cargo, Dudu apontava sem nenhum pudor suas credenciais de ouro. Afirmava que seu nome não estava cogitado apenas por ser filho do presidente.
“Eu tenho vivência de mundo. Já fiz intercâmbio lá, já fritei hambúrguer lá nos Estados Unidos, no frio do Maine, estado que faz divisa com o Canadá. No frio do Colorado, numa montanha lá, aprimorei meu inglês, vi como é o trato receptivo do norte-americano para os brasileiros". São aspas dele em 2019. Seis anos depois, Eduardo, vejam só, esbarra de novo no hambúrguer americano, desta vez em circunstâncias mais hostis. O hambúrguer fez girar ao contrário seu até então projeto pessoal e familiar de ferrar com o Brasil, com ministros do Supremo e com segmentos econômicos que, graças a ele, perderam milhões nos últimos meses.
A química do boi
Agora se sabe: quando Donald Trump, do palco da ONU, anunciou sua inflexão de humor a favor de Lula, anunciando uma tal de “química excelente", o que estava por trás eram os hambúrgueres da JBS, dos irmãos Batista, Joesley e Wesley, a dupla que encarna o reinado do boi e do frango, aqui e lá fora. Joesley é o verdadeiro dono da química, oriunda das carnes de seus bois exportados para os Estados Unidos e sem os quais o americano da classe média para baixo fica privado da sua dieta essencial.
Donos de frigoríficos, bancos, empresas de energia e indústrias de celulose, Joesley e Wesley foram os maiores doadores, em milhões de dólares, para a festa de posse de Trump, além de doadores, também de milhões, para a campanha. Tanto para a campanha de Trump quanto para a de Biden. Sim, o mesmo hambúrguer que Eduardo considerava suficiente para lhe tornar embaixador do Brasil na gringa agora desmontou seu castelo de areia de interlocutor da família no governo Trump para ferrar com Lula, o Brasil e as importações. No reino dos hambúrgueres, sentou à mesa alguém com mais poder de convencimento que o dele, pois mensurado em bilhões de dólares, contra os quais todo argumento ideológico vale nada.
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