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Quinta-feira, 27 de novembro de 2025

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A crise climática ainda não sensibilizou

A crise climática ainda não sensibilizou

Algumas verdades se confirmaram nessa COP. Dentre elas, a mais importante, a de que o encontro não fecharia acordo sobre a redução do uso de combustíveis fósseis

A crise climática ainda não sensibilizou

Foto: Reprodução

Por: Jailton Andrade no dia 27 de novembro de 2025 às 07:13

A COP da verdade. Ao dizer isso sobre COP30 que levou para dentro da Amazônia, o presidente Lula quis pressionar países participantes a transitarem para a ação, abandonando o compromisso simbólico. Não foi por outro motivo a escolha de Belém. Os delegados das 194 nações viveram, pensaram e decidiram sobre crise climática no seio da maior floresta do mundo, ao invés de centros urbanos europeus e asiáticos onde a natureza está “num livro empoeirado na estante”.

O fato é que, independente do êxito da estratégia de Lula, outras verdades se confirmaram nessa COP. Dentre elas, a mais importante, a de que o encontro não fecharia acordo sobre a redução do uso de combustíveis fósseis.

De um lado, mais de 80 países, dentre eles os da União Europeia, queriam incluir no texto final metas objetivas para a eliminação dos combustíveis fósseis. A UE, em especial, tentava reduzir o poderio econômico de nações “não aliadas”, como a Rússia, que, durante a guerra com a Ucrânia, botou na mesa a dependência europeia do gás russo. Aliás, foi o próprio drama enfrentado pela União Europeia nesse episódio que fez o Velho Mundo antecipar sua transição e hoje ter quase a metade da geração de energia elétrica com uso de renováveis.

Ademais, as décadas de exploração de petróleo em países periféricos como a Nigéria, região de alta lucratividade pela espoliação do trabalhador nigeriano e pela ausência de custos relativos à proteção do meio ambiente, ajudaram a Europa a financiar logo sua transição.

Do outro lado, como era de se esperar, a Arábia Saudita e a Rússia se recusaram a anuir com o texto caso mantivesse a obrigatoriedade na eliminação, defendendo que a exploração de suas matrizes energéticas é uma questão de soberania nacional.

Já o Brasil, anfitrião do encontro, teve uma posição intermediária. De um lado, defendeu a eliminação gradual dos fósseis, mas defendeu que ela deveria se dar em tempos diferentes entre países ricos e desenvolvimento, como já previa o Acordo de Paris. Não é razoável que os países desenvolvidos, já em trânsito avançado de sua matriz energética, tentem por meio da COP impedir o financiamento da transição dos países pobres. E logo agora com a Margem Equatorial.

Sem acordo, o Pacote de Belém colocou a questão dos fósseis como facultativa e acabou por personificar a mais pura verdade. A crise climática não sensibilizou a todos, o bastante.