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Fernando Vita explica como anúncio em jornal deu início à chegada da Ford na Bahia

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Fernando Vita explica como anúncio em jornal deu início à chegada da Ford na Bahia

Publicidade esteve envolta em polêmica que reuniu a Bahia, Rio Grande do Sul e São Paulo por conta da negociação com montadora

Fernando Vita explica como anúncio em jornal deu início à chegada da Ford na Bahia

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 13 de janeiro de 2021 às 11:22

Secretário de Comunicação Social do governo de César Borges, Fernando Vita lembra bem como um anúncio publicado deu início a uma série de embates entre políticos da Bahia, Rio Grande do Sul e São Paulo a respeito da vinda da Ford para Camaçari. Em entrevista a Mário Kertész hoje (13), durante o Jornal da Bahia no Ar da Rádio Metrópole, ele comentou que tudo partiu do perfil adotado por Antônio Carlos Magalhães na terceira passagem dele pelo Governo do Estado.

"Antônio Carlos, quando assumiu o governo pela terceira vez, passou os quatro anos trabalhando muito em cima do foco do orgulho de ser baiano e resgatar o que o Antônio Carlos dizia, que se dizia um grande comunicador, que entendia mais do que qualquer assessor que ele tivesse. Ele trabalhou muito no foco de resgatar o orgulho de ser baiano. As pessoas voltariam a gostar de ser baiano e teriam orgulho de ser baiano. Aí ele tocou todo o programa de comunicação dele muito focado nisso", comentou. 

Quando Paulo Souto assumiu o governo, teve início uma empreitada para atrair investimentos da indústria automotiva para o estado. Coreia do Sul, Hong Kong e Taiwan estiveram no roteiro. "Paulo Souto tinha o foco de que nós precisaríamos criar emprego", conta Vita. Na época, a Asia Motors chegou a ser anunciada em cerimônia com o então presidente da República, Fernando Henrique Cardoso. "Chegou-se a terraplanar o terreno onde hoje está a Ford. Fernando Henrique veio aqui lançar uma pedra fundamental e aí acontece aquela crise nos países asiáticos e os planos de Paulo Souto foram por água abaixo", lamentou. 

Vita lembra que, após a eleição estadual, o então governador do Rio Grande do Sul, Olívio Dutra, optou por recuar das promessas da gestão passada a respeito das fábricas da GM e da Ford. A ideia de publicar o anúncio surgiu a partir de uma notícia lida no jornal Estado de S. Paulo.

"A Bahia sempre teve uma publicidade muito criativa, principalmente o chamado anúncio de oportunidade. Quando li aquillo, me bateu na cabeça da gente pegar a manchete, transformar num anúncio e mostrava que a Bahia era um lugar confiável para investir, onde se mostra que a Bahia tinha interesse de atrair indústrias e que aqui se cumpre o que se promete. Liguei para Fernando Barros perto das 22h da noite. Falei que o anúncio daria o que falar", conta. 

Receptividade de César Borges

Questionado por MK, Fernando Vita falou que a receptividade de César Borges ao anúncio foi boa e que, logo que foi autorizada a publicação, a repercussão foi imediata. "A confusão foi tamanha que a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, que estava vendo com muitos maus olhos a recuada que o Olívio Dutra deu nessa questão, ligou para o governador César Borges e disse: 'Vocês não vão publicar esse anúncio aqui no Rio Grande do Sul? Tem que publicar aqui'. César, muito habilmente, disse que estávamos apenas olhando uma oportunidade. Os caras da Federação das Indústrias de lá propuseram ao governador o seguinte: 'O senhor não se incomoda que a gente publique e pague essa publicação na Zero Hora'. O governador me consultou e eu disse: 'Zero problema'. E realmente houve a publicação lá", comentou. 

Em três dias, o então presidente da Ford da América do Sul, Ivan Monteiro, já estava sobrevoando a área industrial de Camaçari com o governador César Borges, além da área do porto e a área do polo. 

Retrato na parede

O ex-secretário lembra com carinho do anúncio e de como a repercussão trouxe uma das maiores montadoras do mundo para o estado. "O anúncio da Ford é um retrato na parede. Tanto eu quanto Fernando Barros, em nossos escritórios de trabalho, temos na parede o anúncio, em uma moldura. A exemplo do que se deu no poema de Drummond em relação a Itabira, o anúncio da Ford, hoje é um retrato na parede", declarou.