
Bahia
Argumento de 'corpo íntegro' é maior entrave para doação de córnea na Bahia
Segundo dados da Sesab, 931 baianos aguardam transplante deste órgão

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil
Dos 162 casos de recusa de doação de córneas na Bahia até agosto de 2021, 53 tiveram como justificativa o desejo dos familiares de manter a integridade do corpo do falecido, o que corresponde a 33% do total. Os dados foram divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) e analisados nesta quarta-feira (15) pelo Metro1. O argumento é o mais frequente para impedir a doação de córnea, em um contexto no qual 931 baianos aguardam por um transplante deste órgão.
O índice repete uma tendência já observada antes: em todo o ano de 2020, a justificativa de desejar o corpo íntegro chegou a 56% do total de 212 recusas de doação de córnea. Em 2019, 49% das 708 recusas foram por esse motivo.
No caso do transplante de múltiplos órgãos, associado à morte encefálica, o argumento de manter a integridade do corpo também foi o mais apresentado em 2019 e 2020. Já em 2021, até o mês de agosto, a justificativa mais frequente foi a manifestação contrária do falecido em vida: das 149 recusas, 32 foram por esse motivo, o que corresponde a 21% do total.
Em 2021, 329 doações de órgãos foram efetivadas até o mês de agosto. O índice varia só 1% em relação ao mesmo período do ano passado, mas é 47% menor do que o registrado até agosto de 2019, antes da pandemia, quando foram feitas 621 doações.
Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha aponta que a região Nordeste tem a menor taxa de brasileiros que manifestam desejo de serem doadores de órgãos, com cerca de 59%. O Sudeste tem a maior taxa, com 73% de potenciais doadores. Os homens avisam menos a família, e quanto menor o nível de instrução formal, menor a notificação.
📲 Clique aqui para fazer parte do novo canal da Metropole no WhatsApp.