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'Homens não se reconhecem no universo de agressores', diz criador de projeto da PM-BA

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'Homens não se reconhecem no universo de agressores', diz criador de projeto da PM-BA

Iniciativa oferece oficinas para reunir homens que violam a Lei Maria da Penha, a fim de desenvolver uma masculinidade sadia

'Homens não se reconhecem no universo de agressores', diz criador de projeto da PM-BA

Foto: Divulgação/ SSP-BA

Por: Juliana Almirante no dia 18 de dezembro de 2019 às 10:01

Criador do projeto "Ronda Para Homens", o sargento da Polícia Militar da Bahia, Djair Moura, disse, em entrevista à Rádio Metrópole hoje (18), que os homens não se reconhecem no universo de agressão física e psicológica à mulher. A iniciativa oferece oficinas para reunir homens que violam a Lei Maria da Penha, a fim de desconstruir a masculinidade tóxica e desenvolver uma masculinidade sadia. 

Um dos casos que ganharam destaque foi o do ex-goleiro do Bahia Jean, que é acusado de agredir a mulher durante viagem a Miami. 

"Os homens não se reconhecem nesse universo de agressores. Eles acham que ser agressor é apenas quando agridem a mulher fisicamente e não se reconhecem em outros tipos de violência em que a Lei Maria da Penha ampara a mulher", diz o sargento. 

O próprio Djair diz que já praticou violência psicológica contra mulheres e que relata isso também durante as oficinas, para mostrar aos homens que eles também podem mudar.

"Se eu me permitir a mudar, tem cura. Se me curei, como eles nao pdem se curar? Esse problema é cultural e a sociedade fortalece bastante esse problema social.E u, por exemplo, busco fazer com que esses homens não pensem apenas nos seus amigos, no sentido do que o amigo dele vai falar caso se torne um homem que dialogue com a esposa. Então eles começam a mudar", conta. 

O sargento afirma que a ideia de criar o projeto surgiu ao manter contato, por telefone, com um dos agressores que havia descumprido uma medida protetiva, e alertar que a proibição não estava apenas no papel. O projeto criado na Bahia já foi reconhecido pelo Prêmio Viva, promovido pela revista Marie Claire, em São Paulo, após concorrer com outros 800 indicados.

"O projeto visa conversar com agressores e explicar sobre a Lei Maria da Penha, trazer a eles o conhecimento da masculinidade tóxica e do machismo. É um projeto muito interessante, no qual esses homens vão passar por oficinas comigo, e vamos tentar fazer desconstrução cultural deles. Porque nós sabemos que a masculidade tóxica não nasce com o homem, é construída com o tempo nesse homem", explica.