
Brasil
Fraudes no INSS: CPMI convoca ministros, ex-AGU e diretor da PF para depor
Esquema de descontos ilegais pode chegar a R$ 6,3 bilhões; comissão também aprovou oitivas de dirigentes e empresários

Foto: José Cruz/Agência Brasil
Por acordo entre governo e oposição, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que apura as fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social aprovou nesta quinta-feira (18) requerimentos para ouvir os ministros da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinícius Marques, da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e o diretor-geral da Polícia Federal (PF), Andrei Rodrigues.
Os três participam diretamente das investigações sobre os descontos irregulares aplicados a aposentados e pensionistas, que podem chegar a R$ 6,3 bilhões.
Também foi convidado a prestar esclarecimentos o ex-advogado-geral da União do governo Jair Bolsonaro, Bruno Bianco, que atuou ainda como secretário de Previdência e Trabalho no Ministério da Economia. A CPMI justificou a convocação afirmando que ele “chancelava a legalidade de atos administrativos, alterações legislativas, pertinentes à realização de descontos associativos nos benefícios dos segurados”.
Além disso, foram aprovados cerca de 170 requerimentos para ouvir dirigentes de associações de aposentados e pensionistas, servidores do INSS e empresários mencionados nas apurações.
O presidente da comissão, senador Carlos Vianna (Podemos-ES), destacou o entendimento entre os parlamentares.
“É muito bom e prazeroso ver, nos pedidos e requerimentos aqui, que tanto o governo, quanto a oposição, concordam nas convocações. É uma demonstração clara do compromisso desta CPMI em dar resposta ao povo brasileiro”, disse.
A senadora Eliziane Gama (PSD-MA) ponderou sobre a necessidade de organização das oitivas diante do número elevado de requerimentos. “Acho que a gente precisa organizar melhor essa questão das aprovações, sobretudo de convocados. Por exemplo, nós temos 40 pessoas convocadas”, afirmou.
A CPMI também aprovou solicitação para que o ministro do Supremo Tribunal Federal André Mendonça envie a lista de deputados e senadores citados na Operação Sem Desconto, conduzida pela Polícia Federal.
Oitivas
Nesta quinta-feira (17), a comissão marcou a oitiva de seis pessoas ligadas a Antônio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, e ao empresário Maurício Camisoti, apontados como os principais articuladores do esquema.
Como os dois não compareceram por terem obtido habeas corpus concedido pelo ministro André Mendonça, a CPMI decidiu convocar sócios e familiares.
Na mesma sessão, foi ouvido o advogado Nelson Willians, dono de um dos maiores escritórios do país, conhecido pela ostentação nas redes sociais. Segundo o Coaf, seu escritório movimentou aproximadamente R$ 4,3 bilhões em operações suspeitas entre 2019 e 2024, sendo que pelo menos R$ 15,5 milhões teriam ligação com Maurício Camisoti.
Durante o depoimento, Willians negou relação com o esquema e se recusou a responder a algumas perguntas feitas pelos parlamentares.
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