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Diretor do Inpe nega acusações de Bolsonaro sobre manipulação de dados e diz que não deixará cargo
Na sexta (19), durante café da manhã com jornalistas, presidente afirmou que dados do instituto sobre desmatamento na Amazônia são "mentirosos"
O diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Magnus Osório Galvão, rebateu as críticas feitas pelo presidente Jair Bolsonaro, que acusou o órgão de pesquisa de mentir sobre dados de desmatamento e de estar "agindo a serviço de uma ONG". Ele ainda afirmou que não pretende deixar o cargo.
"Fazer uma acusação em público esperando que a pessoa se demita. Eu não vou me demitir", disse Galvão, ontem (20), ao Estadão e à TV Vanguarda, afiliada da Globo em São Paulo.
As acusações foram feitas por Bolsonaro na sexta (19), durante café da manhã com jornalistas. "Se for somado o desmatamento que falam dos últimos 10 anos, a Amazônia já acabou. Eu entendo a necessidade de preservar, mas a psicose ambiental deixou de existir comigo", disse, se referindo a dados divulgados pelo Inpe na quinta (18) sobre o atual estado do desmatamento na Amazônia.
"Esses dados sobre desmatamento da Amazônia, feitos pelo Inpe, começaram já em meados da década de 70 e a partir de 1988 nós temos a maior série histórica de dados de desmatamento de florestas tropicais respeitada mundialmente", afirmou Galvão, frisando que nunca teve "nenhum relacionamento com nenhuma ONG".
O diretor do Inpe ainda disse que respeita Bolsonaro como um representante eleito, mas fez críticas a comportamentos do chefe do Executivo nacional que "não respeitam a dignidade e liturgia da Presidência". "Principalmente quando ele tem essas entrevistas com a imprensa ou mesmo em outras manifestações, ele tem um comportamento como se estivesse em botequim. [...] Ou seja, ele fez acusações indevidas a pessoas do mais alto nível da ciência brasileira, não estou dizendo só eu, mas muitas outras pessoa", afirmou Galvão. "Isso é uma piada de um garoto de 14 anos que não cabe a um presidente da República fazer".
Galvão também disse que é preciso defender quem "trabalha bem para o governo", e citou o ministro de Ciências, Marcos Pontes. "Ele sempre manifestou que as questões do desmatamento e das mudanças climáticas são questões cientificas e não políticas. E têm que ser tratadas cientificamente, e ele sempre mostrou grande respeito pelo Inpe", afirmou.
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