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Com falsas acusações de crimes, Uber exclui motoristas da plataforma

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Com falsas acusações de crimes, Uber exclui motoristas da plataforma

Empresa acusa de apontamento criminal trabalhadores que possuem ficha limpa 

Com falsas acusações de crimes, Uber exclui motoristas da plataforma

Foto: Tácio Moreira / Metropress

Por: Geovana Oliveira no dia 05 de outubro de 2020 às 16:05

A Uber está sendo processada por diversos motoristas do aplicativo em Salvador após expulsá-los em triagem de segurança. A justificativa da empresa é que os condutores são réus em processos criminais, mas eles apresentam ficha limpa. Em apenas um escritório de advocacia da cidade, a estimativa é que existam 50 processos em aberto contra a empresa e a 99 Táxi. 

Segundo a advogada responsável pelos processos, Daise Mota, a verificação da Uber é feita considerando apenas o nome dos motoristas, sem especificar número de identidade ou CPF. Como muitas pessoas possuem mesmo nome e sobrenome, os motoristas acabam sendo expulsos sob acusação de crimes cometidos por homônimos. 

Um dos motoristas, Cosme de Jesus, está sendo acusado pela Uber de possuir um processo criminal em Lagarto, Sergipe. O motorista diz sequer conhecer a cidade. Para dar seguimento à ação contra a empresa, Cosme precisou viajar até Sergipe, onde retirou hoje (5) uma certidão de antecedentes criminais que não aponta o cometimento de nenhum delito. 

Tiago Francisco da Silva, por exemplo, foi expulso da plataforma há três meses, durante a pandemia, e continua sem trabalhar. O motorista, com avaliação 4.88, tinha como única fonte de renda as viagens do aplicativo. Em julho, quando foi trabalhar percebeu que não estava mais autorizado a utilizar a plataforma. 

Segundo os advogados que cuidam dos processos, a Uber envia um comunicado padrão como justificativa. Alguns chegaram a enviar provas de que não tinham antecedentes criminais e foram respondidos com uma reformulação da mesma mensagem, apontando que eram réus em processos. 

Ainda de acordo com a advogada, a empresa se recusa a ser citada na intimação, o que dificulta o andamento dos processos. Em um dos casos, de Cid José Dias, apesar de uma liminar determinar sua volta ao aplicativo, a Uber só cumpriu com a decisão após o juiz Valter Américo Caldas aplicar uma multa de 100 mil reais à empresa caso não reintegrasse o motorista. 

Em 2019, a Uber fechou contrato com o Serpro, empresa de Tecnologia da Informação do Governo Federal. 

A empresa informou em nota que realiza uma rechecagem de segurança periodicamente. Todos os motoristas passam por uma checagem de antecedentes criminais antes de poderem dirigir utilizando o aplicativo, conforme determina a Lei Federal.