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Quinta-feira, 28 de março de 2024

Editorial

Prisão em 2ª instância não resolve problema da impunidade no país, diz MK; ouça

Kertész ainda fez críticas ao excesso de títulos concedidos por parlamentares baianos a personalidades: "O ser humano, de modo geral, é muito chegado a esse tipo de besteirol"

Prisão em 2ª instância não resolve problema da impunidade no país, diz MK; ouça

Foto: Tácio Moreira / Metropress

Por: Metro1 no dia 07 de novembro de 2019 às 09:12

A retomada do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de prisão de condenados em segunda instância, prevista para hoje (7), foi um dos assuntos do comentário de Mário Kertész, na Rádio Metrópole. MK avalia que a medida, caso seja aprovada, não ajuda a resolver efetivamente o problema da impunidade no país.

"Ora, a Constituição, segundo vários juristas de grande valor e responsabilidade, é, como se costuma dizer no popular, como a virgindade: ou existe ou não existe. A democracia também: ou existe ou não existe. A Constituição diz, segundo juristas, e eu não sou especialista, não vou me aventurar nesse caminho, mas diz que uma pessoa pode ser presa depois de transitado em todas as instâncias o seu julgamento. Ou seja, após passar à última instância, que é o STF. Mas aí dizem 'ah, mas tem gente que fica anos e anos e não é julgado'. Agora, a solução não é tirar o sofá da sala porque sua filha está namorando exageradamente. A solução seria a Justiça andar rápido!", disse.

MK lembrou que alguns políticos implicados em esquemas de corrupção, como o deputado federal Aécio Neves (PSDB-MG) e o senador Renan Calheiros (MDB-AL), acabam não sendo presos, mesmo com diversos processos. "Aí eu me lembrei, e Queiroz, cadê Queiroz? Tá bom, é um caso que a gente tem que continuar perguntando. Mas vem cá, cadê Aécio Neves? Cadê Renan Calheiros? Cadê tantos aí que estão com processos prolongando, prolongando... Eu até gosto muito pessoalmente de Aécio, tenho amizade de muitos anos (...) e no entanto, envolvido aí, tem não sei quantos processos, e nada! Nada, não se tem notícia nenhuma a respeito dele. Nenhuma! Eu não consigo entender o que é que acontece nesse país. Renan Calheiros! Pronto, outro aí. Tem 10, 11 processos contra ele. Não acontece rigorosamente nada! Então você acha que é simplesmente porque a partir do momento que o Supremo resolver que julgado em segunda instância vai pra cadeia, a Justiça brasileira vai ser mais ágil? Não vai não! A Justiça é lenta, e Justiça lenta é injustiça!", exclamou.

Kertész também criticou o excesso de medalhas, comendas e homenagens concedidas pelos parlamentares municipais e estaduais a personalidades que, em sua visão, não têm relevância. "A Câmara Municipal e a Assembleia Legislativa continuam com esse hábito de conceder toda hora um título de cidadão ou uma medalha. Rapaz, como as pessoas têm a necessidade de ter o ego inflado, juntar lá meia dúzia ou uma dúzia de pessoas e dizer 'olha que pessoa maravilhosa eu sou, o tanto que sou reconhecido aqui'. Eu já tinha dito a Abraão há um bocado de tempo. Dá uma volta, fique andando ali na frente da Câmara ou da Assembleia e você pode ganhar um título. (...) Pelo amor de Deus! Agora, claro que tem horas que homenageiam pessoas que merecem. (...) Mas isso virou uma câmara de compensação. O ser humano, de modo geral, é muito chegado a esse tipo de besteirol", disse. Embora tenha sido, ele próprio, homenageado diversas vezes por deputados e vereadores, MK frisou que nunca foi receber os títulos.

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