Lomanto Júnior, o último governador eleito na Bahia antes do golpe de 1964

Reportagem publicada originalmente no Jornal da Metropole em 14 de julho de 2022

A história política da Bahia é desconhecida da maior parte de nosso povo. Se perguntarmos sobre figuras como Lomanto Junior, Heitor Dias, Romulo Almeida, Antonio Balbino, Virgildasio Sena, Chico Pinto, Elquisson Soares, Campos França, Rosalvo Barbosa Romeo, Osório Vilas Boas, as respostas serão: “não conheço”, “ouvi falar, mas não sei quem é”, entre outras variações imprecisas.

No entanto, várias dessas pessoas ajudaram — para o bem ou para o mal — a chegar aonde estamos hoje. E conhecer essas figuras é fundamental para compreender exatamente o que somos. A partir de hoje e nas próximas edições do Jornal da Metropole, vamos trazer fatos sobre essas figuras. Comecemos por Lomanto Junior.

Dentista, produtor rural, eleito prefeito de Jequié, candidatou-se a governador da Bahia, sem o apoio do então governador Juracy Magalhães, sem ser da elite política baiana e sem ser muito conhecido em todo estado. Considerado um candidato fraco, em 1962, venceu as eleições estaduais contra Waldir Pires, que era apoiado pelas forças tradicionais e pela esquerda também.

O símbolo da campanha era um feijão colocado na lapela das roupas e o mote principal era: “hoje feijão na lapela, amanhã feijão na panela”, indicando a preocupação social do jovem candidato. Lomanto era do PTB, o mesmo partido do então presidente da República João Goulart. No início do Golpe Militar de 1964, ele se manifestou pela legalidade, posição rapidamente mudada em função da pressão exercida pelo comandante da Sexta Região Militar. Houve uma reforma do seu secretariado e postos importantes foram entregues a dirigentes do conservador jornal A Tarde.

LÍDER POPULAR -

Lomanto foi um líder popular, carismático, conseguiu entregar o governo a seu sucessor Luiz Viana Filho, indicado pelos militares. Foi deputado federal, senador, sempre bem votado. Perdeu para Rui Bacelar o senado em 1986, na onda eleitoral que levou Waldir Pires ao governo da Bahia. Ele voltou a ser prefeito de Jequié, nos anos 1990, encerrando sua longa vida politica. Morreu em 2015, aos 90 anos