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Bolsonarismo baiano nas urnas: votação de presidente e apoiadores cresce no estado, mas de forma tímida

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Bolsonarismo baiano nas urnas: votação de presidente e apoiadores cresce no estado, mas de forma tímida

Polarização entre Bolsonaro e Lula faz fenômeno de extrema-direita crescer na Bahia, mas de maneira tímida, na avaliação de especialista ouvido pelo Jornal Metropole

Bolsonarismo baiano nas urnas: votação de presidente e apoiadores cresce no estado, mas de forma tímida

Foto: Ascom/João Roma

Por: Rodrigo Daniel Silva no dia 14 de outubro de 2022 às 10:08

Reportagem publicada originalmente no Jornal Metropole em 14 de outubro de 2022 

A depender do ângulo que se olhe, pode-se achar que o bolsonarismo na Bahia ganhou ou perdeu força nas eleições deste ano. Se olharmos pelo prisma da votação do candidato a governador, João Roma, acreditaremos que este fenômeno político de extrema-direita teve um desempenho muito abaixo das expectativas. Esperava-se que o ex-ministro da Cidadania passasse da casa dos dois dígitos e alcançasse, pelo menos, 15% dos votos válidos, mas quando as urnas foram abertas, ele ficou com apenas 9,08% do eleitorado baiano.

Agora, se olharmos pelo ângulo da votação de Jair Bolsonaro (PL) no estado, notamos um crescimento desta força política na Bahia. Há quatro anos, o atual presidente da República obteve 23% no primeiro turno, aproximadamente 1,7 milhão dos votos. Em 2022, ele ampliou e chegou a 24%, um aumento de pouco mais de 300 mil votos. Mas não é só isso que chama a atenção quando se olha o bolsonarismo em território baiano. Houve uma expansão deste fenômeno político também no Legislativo. Em 2018, apenas dois nomes ligados a Bolsonaro foram eleitos para a Assembleia Legislativa da Bahia (Alba): Capitão Alden e Talita Oliveira. Juntos, conquistaram 65 mil votos. Desta vez, quatro eleitos para a Alba são apoiadores do presidente da República, todos novatos e do PL: Vitor Azevedo, Leandro de Jesus, Dr. Diego Castro e Raimundinho da JR. Ao somar os votos, alcançaram 176 mil. Mais do dobro da votação de quatro anos atrás.

Na bancada baiana da Câmara dos Deputados, também houve um crescimento no número de cadeiras. Se, em 2018, só Dayane Pimentel chegou em Brasília dando as mãos ao bolsonarismo, agora, são três deputados federais eleitos pelo partido de Bolsonaro: Roberta Roma, Capitão Alden e João Carlos Bacelar, conhecido como Jonga Bacelar. Eles tiveram, juntos, 345 mil votos contra 136 mil obtidos por Dayane Pimentel, que viria a romper com o presidente da República logo após assumir o mandato.  

O historiador e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Carlos Zacarias avalia que o crescimento bolsonarista no estado é “natural”, já que houve uma “concentração de votos” entre duas candidaturas na disputa presidencial. Além de Bolsonaro, a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ademais, no pleito deste ano, o presidente teve um candidato a governador que fez campanha para ele.

Zacarias diz que causa preocupação a expansão deste fenômeno de extrema-direita, mesmo que tímida, porque há uma “normalização da figura” de Bolsonaro. “Uma figura que permaneceu por quatro anos atentando contra as instituições, que conseguiu cooptar de forma inédita o Congresso. Os bolsonaristas são uma minoria, mas que preocupam porque são figuras que também normalizam a barbárie e os atentados à democracia”, analisou em entrevista ao Jornal Metropole.