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Cívico, mas político também: vaias, claques, provocações e palanques orquestrados marcam novamente Dois de Julho

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Cívico, mas político também: vaias, claques, provocações e palanques orquestrados marcam novamente Dois de Julho

Apesar de temperatura menor, típica de ano não eleitoral, rivalidade de grupos que duelam pelo poder na Bahia marcam novamente o Dois de Julho

Cívico, mas político também: vaias, claques, provocações e palanques orquestrados marcam novamente Dois de Julho

Foto: Ricardo Stuckert/PR/Valter Pontes/Secom

Por: Jairo Costa Jr. no dia 04 de julho de 2025 às 07:17

Atualizado: no dia 04 de julho de 2025 às 09:43

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 04 de julho de 2025

Um dos clichês mais ouvidos das autoridades a cada Dois de Julho é que a Festa da Independência é um ato cívico e não cabe falar em eleições e campanha. Contudo, até os casarões em ruínas no trajeto que vai do Largo da Lapinha ao Terreiro de Jesus sabem que o evento, há décadas, se divide entre as manifestações populares e o mais puro exercício da política, com as costumeiras vaias e aplausos para integrantes de proa dos dois polos que duelam pelo poder na Bahia.

Este ano não foi diferente dos anteriores. Que o digam o governador do estado, Jerônimo Rodrigues (PT), e o prefeito da capital, Bruno Reis (União Brasil), que ao chegarem na Lapinha para a cerimônia de hasteamento das bandeiras do Brasil, da Bahia e de Salvador foram vaiados e aplaudidos na mesma medida pelas claques de ambos os lados, fossem elas pagas ou não, orquestradas ou espontâneas. O petista, óbvio, encarou a hostilidade de apoiadores da oposição e do pessoal arregimentado para fazer exatamente isso. Já seu adversário enfrentou a forte pressão dos professores da rede municipal em greve.

Já o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que já conhece bem o script da festa, passou quase incólume em sua quarta ida consecutiva ao Dois de Julho. Embora seja um político com alta popularidade junto ao eleitorado de Salvador, Lula usou a mesma tática dos anos anteriores para escapar de eventuais manifestações contrárias. Ou seja, desfilou no fundo de uma picape no trajeto entre a Soledade e o Pelourinho ao lado da primeira-dama, Janja da Silva, das ministras da Cultura, Margareth Menezes, e da Igualdade Racial, Anielle Franco, de Jerônimo e do vice-governador, Geraldo Jr. (MDB).

Para apimentar a passagem pela festa e dar aquela pirraçada de praxe no grupo rival, Lula segurou um cartaz entregue por líderes sindicais ligados aos professores, no qual cobrava diretamente Bruno Reis: "Prefeito, pague o piso". Na sequência, o presidente levantou outro cartaz,  elaborado pelo PT como parte da campanha "Taxação BBB: Bilionários, Bancos e Bets”, trio sintetizado no material como os "Super Ricos". Os aliados vibraram com a dupla provocação; os rivais ficaram de cara feia.

Mesmo sem ter pisado os pés no cortejo político, o deputado estadual Tiago Correia (PSDB), líder da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia, sentou o sarrafo em Lula, usando o batido clichê que inicia este texto: "O presidente vem a um momento cívico e o transforma em palanque político, fazendo ataques sem embasamento". Correia falou como se o principal líder do seu grupo, o ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), não tivesse adotado padrão idêntico no cortejo oposicionista, ao girar a metralhadora verbal contra Jerônimo, em um cardápio de críticas ácidas, especialmente, aos índices de violência no estado. 

Apesar da presença de lideranças expressivas, o Dois de Julho de 2025 teve um número menor de políticos presentes que o de 2024. O que se explica por não se tratar de ano eleitoral. Mas, sem sombra de dúvida, o caldo ficará bem mais grosso em 2026, quando a disputa pela Presidência e pelo governo do estado vai elevar a fervura no caldeirão da próxima Festa da Independência.