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Tragédias previstas: Episódios de incêndio e desabamento, dias após denúncia do JM, confirmam colapso no bairro

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Tragédias previstas: Episódios de incêndio e desabamento, dias após denúncia do JM, confirmam colapso no bairro

No último dia 10 de julho, exatos sete dias após o JM expor a situação, um incêndio atingiu um casarão abandonado no bairro e acabou se alastrando para outros dois imóveis

Tragédias previstas: Episódios de incêndio e desabamento, dias após denúncia do JM, confirmam colapso no bairro

Foto: Leitor Metro1

Por: Laisa Gama no dia 31 de julho de 2025 às 06:41

Atualizado: no dia 31 de julho de 2025 às 10:21

Matéria publicada originalmente no Jornal Metropole em 31 de julho de 2025

Poderiam até dizer que esse Jornal Metropole é uma nova ferramenta substituta das cartas de tarô e bola de cristal diante da precisão dos alertas feitos nessa página. Não se passaram nem duas semanas depois que a capa estampou e denunciou o colapso no bairro do Comércio, para que dois episódios seguidos expusessem o cenário de abandono na região. 

No último dia 10 de julho, exatos sete dias após o JM expor a situação, um incêndio atingiu um casarão abandonado no bairro e acabou se alastrando para outros dois imóveis. As primeiras informações dão conta de que o fogo teria sido iniciado por invasores que queimaram fios no interior do prédio. Foram mais de 40h para apagar o fogo e restou risco de colapso nas edificações. 

À espera da queda

Mas o risco já existia e também já havia sido denunciado pelo Jornal Metropole. Segundo a Defesa Civil de Salvador, o antigo centro empresarial da cidade soma 259 imóveis com risco de desabamento. Entre eles, 18 são considerados com grau muito elevado de risco. Um deles era o prédio da antiga loja A Lâmpada, que foi um dos atingidos pelo incêndio e, cinco dias após o fogo ser apagado, teve um desabamento parcial interno. 

O próprio Diretor da Codesal, Sósthenes Macedo, não viu o colapso como surpresa, afinal são edificações antigas com muito material em madeira. A demolição do imóvel, segundo ele, já foi autorizada pelos órgãos de tombamento.

Demolir para não recuperar

Essa provável demolição poderia ter sido evitada há alguns meses. Isso porque o edifício da antiga A Lâmpada foi alvo de uma batalha judicial entre o proprietário, o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e a União. A Justiça Federal decidiu que a responsabilidade de desenvolver e executar um projeto de recuperação é do instituto, mas, 18 meses após a determinação, nenhuma medida havia sido tomada. A Justiça chegou a dar um prazo de 60 dias - que acabaria no próximo sábado (2) - para que o Iphan adotasse medidas efetivas para preservar o imóvel. Até houve tempo, mas faltou ação.

Prejuízo para todo lado

Durante esse período de risco do imóvel, uma via precisou ser interditada por conta da iminência de desabamento. O prejuízo para o patrimônio da cidade atinge também a economia local já tão fragilizada pelos anos de colapso no bairro. Em entrevista ao Repórter Metropole, um comerciante da região relatou prejuízos significativos. “Caiu 75% da movimentação em minha loja depois que fecharam a rua. Estou em um lugar que não passa ninguém. Como um comerciante vai trabalhar em um lugar que não passa ninguém? Vai vender como?”, questiona.

A sequência de ocorrências evidencia a urgência de medidas efetivas no bairro que já foi o coração financeiro de Salvador e hoje acumula promessas não cumpridas.. A cada nova rachadura, incêndio ou desabamento, o que cede não é apenas concreto, mas também a memória e a esperança de resgate do centro antigo da capital baiana.