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Aos 80 anos, Cantina da Lua se mantém como espaço para celebrar a memória de Salvador

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Aos 80 anos, Cantina da Lua se mantém como espaço para celebrar a memória de Salvador

Icônico bar e restaurante imortalizado pelo igualmente célebre Clarindo Silva consolida o posto de Embaixada do Pelô e cantinho de boas lembranças

Aos 80 anos, Cantina da Lua se mantém como espaço para celebrar a memória de Salvador

Foto: Metropress

Por: James Martins no dia 30 de outubro de 2025 às 07:30

"Que Renato Santos?", espanta-se o transeunte a quem pergunto, no Terreiro de Jesus, se sabe quem é o homem. E Clarindo Silva?, indago. Aí ele abre um sorriso e responde: "Claro. Clarindo, sempre de branco, o cara ali da Cantina". Pois bem, o tal Renato Santos é o fundador da mesma Cantina da Lua, inaugurada por ele em abril de 1945 — o ano da bomba atômica. E o esquecimento em relação ao seu nome deve-se ao modo como Clarindo modificou e incorporou a Cantina a si, à sua atuação exaustiva até para quem só observa. E mostra, também, que a gente não conquista tudo aquilo pelo que batalha. Pois o fato é que Clarindo sempre reverencia e busca manter viva a memória de Renato e de tantos outros. Seja nas famosas placas, que homenageiam nomes diversos, até menções em entrevistas e textos.

Embaixada do Pelourinho, o Projeto Cultural Cantina da Lua é a plataforma principal do trabalho desse sujeito que, quando decidiu ir para trás do balcão (para desgosto de seu pai e de sua boneca), já tinha longa quilometragem e vasta bagagem. Do catado das sobras na feira de Água de Meninos, o ingresso épico no Severino Vieira, até a formação em jornalismo. Tudo isso Mestre Calá levou para o bar que, há décadas, é muito mais que um simples bar. Não à toa a Cantina já fez até o papel de prefeitura de Salvador, no segundo mandato de Mário Kertész, e desempenha papéis que seriam mais para universidades e afins. "Eu ganhei gosto pela leitura frequentando a Cantina da Lua, onde sempre tinha lançamentos de livros", diz o eletricista Carlos dos Santos.

Jehová de Carvalho, Ieda Pessoa de Castro, Zezé Mota, Silvio Mendes... se o senso de coletividade e responsabilidade histórica que se vê na Cantina se espalha-se por toda a cidade, certamente teríamos uma cidade melhor, um turismo melhor, uma vida melhor. Dali surgiram a Terça-da-Bênção e o Criançarte. Entre outras iniciativas. "Muito importante esta reforma, em comemoração dos 80 anos. Vai dar um novo gás e espero que isso contagie o Pelô", entusiama-se o produtor cultural Geraldo Badá. Ponto de encontro de artistas de diversos gêneros, gerações e procedências, a Cantina está se preparando para ser um palco novo, com a experiência de oito décadas. Um oferecimento da produtora Macaco Gordo, de Chico Kertész.