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Quebra de sigilo implica diretamente deputado baiano em esquema investigado na Operação El Patrón

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Por Jairo Costa Júnior

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Quebra de sigilo implica diretamente deputado baiano em esquema investigado na Operação El Patrón

Documento traz imagens, diálogos e arquivos que mostram envolvimento de Binho Galinha em agiotagem, lavagem de dinheiro do jogo do bicho, ocultação de patrimônio e formação de milícia

Quebra de sigilo implica diretamente deputado baiano em esquema investigado na Operação El Patrón

Foto: Divulgação

Por: Jairo Costa Jr. no dia 07 de junho de 2025 às 06:00

Relatório produzido pela Polícia Federal com base na quebra de sigilo telemático de investigados da Operação El Patrón releva detalhes que implicam diretamente o deputado Binho Galinha (PRD) nos crimes de agiotagem, extorsão, receptação de carga roubada, porte ilegal de armas, lavagem de dinheiro proveniente do jogo do bocho e formação de milícia privada composta por policiais militares e civis que atua em Feira de Santana e cidades próximas. O documento sigiloso, ao qual a Metropolítica teve acesso, traz uma série de diálogos travados pelo WhatsApp entre o parlamentar, sua esposa Mayana Cerqueira, presa pela El Patrón, e demais acusados de integrar a organização criminosa que, segundo a PF, é liderada por Binho Galinha.

Vida de gado
Entre os arquivos armazenados em dispositivos móveis e endereços eletrônicos de alvos da operação, provas consideradas robustas pelos investigadores de que Binho Galinha lavava dinheiro ilícito por meio de compra e venda de cabeças de gado. Foi encontrada uma quantidade significativa de imagens e vídeos envolvendo o cultivo (criação de gado), inclusive anotações acerca de valores de arroba e quantidades de cabeças mantidas em ambiente rural. Pelas datas em que as mídias foram produzidas, é possível perceber uma continuidade no cultivo desses animais desde, pelo menos, o ano de 2018. Na conversa de WhatsApp entre Guilherme (João Guilherme Cerqueira) e seu pai, Binho, é comum o filho prestar contas quanto à quantidade de gado em suas fazendas. Pelo diálogo entre eles, é possível inferir que Binho é o real proprietário dos animais e confere a Guilherme o papel de gerenciá-los", destaca o relatório.

Por baixo do pano
De acordo com a PF, as declarações do Imposto de Renda do deputado e da esposa não constam registros de gado na lista de bens. "Sendo assim, é seguro afirmar que eventuais cabeças de gado que os investigados possuam configuram ocultação de patrimônio. Além do cultivo não declarado de gado, foi identificado um documento bancário da Tend Tudo (empresa registrada em nome de Mayana Cerqueira e apontada como parte das pessoas jurídicas usadas para lavar dinheiro) que aponta o faturamento bruto anual que essa empresa declarou ao Banco do Brasil, qual seja de R$ 5.813.888,59, referentes ao período entre 08/2019 e 07/2020 – valor exponencialmente maior do que aquele declarado à receita federal", informou o relatório.

Tropa pessoal
"Já faz parte do conhecimento popular o fato de que o dinheiro gerado pelo jogo do bicho é amplamente utilizado para financiar os mais diversos crimes, dentre eles, a constituição de milícias. Nesse ponto, faz-se relevante mencionar que Kléber Cristian (nome real de Binho Galinha) mantém, em sua agenda de contatos, mais de 120 (cento e vinte) policiais civis e militares", acrescenta o relatório. Um deles chamou a atenção da PF.  Trata-se de Alexinaldo Santana Souza, tenente da PM lotado em Santo Amaro da Purificação e também, investigado pela El Patrón. Tenente Léo, como foi indexado pelo deputado em sua lista de contatos, foi alvo da Operação Carta na Manga, deflagrada em outubro de 2011 para desarticular uma organização criminosa voltada à prática de roubo qualificado, estelionato, falsificação de documento público e uso de documento falso.

Tá chateado! 
Passou recibo de magoado o deputado estadual Diego Castro (PL) ao comentar a ausência de seu nome na lista de políticos convidados a participar de um fórum sobre segurança pública realizado na noite de quinta-feira (05), em Salvador, pela Fundação Índigo, ligada ao União Brasil. "Acredito que minhas opiniões firmes sobre o armamento civil poderiam incomodar. Podem achar que meu discurso é muito radical. Mas estão esquecendo que vão precisar desses tais ‘radicais’, que representam uma parcela considerável do eleitorado baiano, para ganhar o governo em 2026", disparou Castro. Apesar de integrar a linha de frente da tropa bolsonarista, o parlamentar foi deixado de lado pelo vice-presidente nacional do partido, o ex-prefeito de Salvador ACM Neto, que convidou outros aliados de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro para o evento no Hotel Fiesta, como o deputado federal Capitão Alden (PL) e o senador Sergio Moro (União Brasil).

Matemática eleitoral
Um dado revelador ficou praticamente esquecido na cobertura da imprensa sobre a nova pesquisa em que o instituto Quaest esquadrinha cenários de confronto direto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e os oito principais concorrentes do petista em um eventual segundo turno em 2026. No caso, o que mostra que o medo do retorno de Jair Bolsonaro é maior que o temor com a reeleição de Lula. Mais precisamente 45% contra 40%. Para marqueteiros com que trabalham para partidos alinhados à esquerda, se o mesmo cenário estiver consolidado ano que vem, essa talvez seja a chave para vencer a corrida presidencial. 

Ligação de pontas
Ainda que Bolsonaro esteja inelegível e impedido de entrar na pista, os profissionais do marketing políticos consultados pela coluna acham que a tendência será colar o ex-presidente à imagem dos concorrentes mais competitivos. Entre os quais, os governadores de São Paulo, Tarcisio Gomes de Freitas (Republicanos); do Paraná, Ratinho Jr. (PSD); de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo); e de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), além de dois integrantes do clã Bolsonaro, a ex-primeira-dama Michelle e o deputado federal Eduardo (PL-SP), filho "03" do ex-presidente. A melhor estratégia, avaliam, é mostrar ao eleitor que, independente do rival, qualquer um deles carregaria Bolsonaro no colo caso vencesse.

Coice e queda
Além da ressaca pela derrota de seu grupo na briga pelo controle de Ilhéus, o ex-prefeito Mario Alexandre, o Marão (PSD), ainda terá que devolver aos cofres públicos aproximadamente R$ 320 mil por irregularidades no uso de recursos destinado à cidade pelo Ministério da Infraestrutura e Desenvolvimento Regional para recuperar estruturas danificadas por fortes temporais que atingiram o Sul da Bahia. A cobrança foi imposta pelo Tribunal de Contas da União (TCU) no âmbito de um processo aberto na corte em 2019. Na mesma decisão, o tribunal aplicou ainda multa de R$ 24 mil a Marão e determinou a remessa do caso para o Ministério Público Federal.

Novela repetida 
Essa é a segunda decisão semelhante do TCU em menos de uma semana. Conforme noticiado pela Metropolítica no último dia 3, o tribunal também condenou o prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), a pagar R$ 353 mil ao ministério por gastos irregulares com verbas federais destinadas ao município para socorrer vítimas das fortes chuvas na cidade em 2021 e 2022.