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Apesar da alta na popularidade de Lula, Planalto prega cautela e mobilização constante contra tarifaço de Trump

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Deputados baianos da direita revelam tensão com efeito do tarifaço de Trump sobre eleições de 2026
Parlamentares avaliam que Lula está vencendo a batalha de narrativas deflagrada após decisão do presidente dos EUA de sobretaxar produtos brasileiros em 50% e admitem temer efeito do alinhamento ao bolsonarismo sobre suas próprias candidaturas ano que vem
Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados
Deputados baianos que fazem oposição ao PT na Câmara e na Assembleia Legislativa ou estão alinhados a partidos do centrão no Congresso Nacional admitiram, em conversas reservadas com a Metropolítica, que temem os efeitos do tarifaço de 50% imposto aos produtos brasileiros pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sobre suas candidaturas à reeleição em 2026. A preocupação tem origem na forte reação popular ao ato de Trump, tratado nas redes sociais como uma agressão ao país incitada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e chancelada por opositores políticos do bloco liderado pelos petistas.
Pela culatra
"A avaliação que muito de nós fazemos é que esse episódio virou um tiro no pé de grosso calibre. Enquanto os eleitores ou políticos bolsonaristas de puro-sangue comemoram a ameaça de taxação de Trump e tentam colar a decisão à postura do presidente Lula em relação aos Estados Unidos ou a uma suposta perseguição ao ex-presidente, o fato é que a onda negativa já é muito grande nas redes sociais, vem crescendo a cada dia, sobretudo entre os eleitores da direita e centro-direita, e é impossível dissociar Bolsonaro de Trump. Com isso, se tornou muito grande a possibilidade de que o ônus recaia, por tabela, aos políticos ligados a ele", avaliou um influente deputado baiano do centrão.
Reação adversa
"Mesmo que líderes do campo da direita tentem agora se dissociar do tarifaço, passando a classificá-lo como injustiça e agressão à soberania do Brasil depois que as críticas se transformaram em avalanche, é certo que os eventuais prejuízos econômicos decorrentes da ofensiva de Trump tendem a cair também sobre os ombros dos deputados que fazem oposição ao PT na sucessão do ano que vem. Não era esperado que a defesa ao país unisse fatias hoje antagônicas. E o que é pior: ainda que Trump cancele a medida, o recuo pode ser traduzido como atitude de quem arregou ou confissão de culpa", destacou outro parlamentar de oposição ao governo federal na Câmara dos Deputados.
Torto arado
Uma das fontes maiores de temor, de acordo com políticos ouvidos pela coluna nos últimos dias, está ligada ao comportamento do agronegócio. "Trata-se de um setor até então fechado com o bolsonarismo, mas muito sensível ao bolso. E essa taxação desproporcional será especialmente prejudicial a eles, que estão no topo da pauta de exportações do Brasil para os Estados Unidos. Caso Trump leve adiante a ameaça, é difícil saber se as perdas provocadas pelo tarifaço serão ou não cobradas em forma de migração de apoio", emendou um político da Bahia alinhado à direita não-bolsonarista no Parlamento.
Mais um, Bahia
Subiu para quatro o número de políticos baianos condenados desde o início de junho pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por uso irregular de verbas federais destinadas a socorrer vítimas das chuvas no estado. A bola da vez agora é o ex-prefeito de Brejões Alessandro Rodrigues Brandão Correia, o Sandro de Juca (Rede), que terá que ressarcir os cofres do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional em aproximadamente R$ 680 mil por deixar de prestar contas de valores recebidos através de convênio com a pasta em 2022. De quebra, será obrigado a pagar mais R$ 67 mil de multa.
Caixa de pepinos
Ao longo de dois mandatos à frente da prefeitura de Brejões, cidade do Vale do Jiquiriçá que ele governou de 2017 a 2024, Sandro de Juca acumulou denúncias. Entre outras, foi acusado em 2023 por vereadores da oposição de abastecer durante seis anos um ônibus escolar da frota do município que havia sido destruído. Antes dele, o TCU já havia punido também o prefeito de Itabuna, Augusto Castro (PSD), e os ex-prefeitos de Ilhéus e Teixeira de Freitas, respectivamente, Mário Alexandre (PSD) e Marcelo Angenica (PSDB) por irregularidades no uso de recursos voltados a mitigar os efeitos de temporais na Bahia.
Aval de cima
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) encaminhou ao Senado na noite de quinta-feira duas propostas pedindo autorização da Casa para dois empréstimos que o governo Jerônimo Rodrigues quer contrair junto ao Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird) com garantia da União. O primeiro, na ordem de US$ 100 milhões, tem como objetivo financiar o programa Bahia Mais Produtiva, iniciativa com foco na agricultura familiar sustentável. O segundo, estimado em US$ 200 milhões, faz parte do pacote de investimentos previsto pelo Palácio de Ondina para a infraestrutura viária nas rodovias estaduais. Agora, só falta o aval dos senadores para que os contratos sejam fechados.
Na proa
Sete integrantes da bancada baiana em Brasília conquistaram espaço no ranking dos 100 "Cabeças" do Congresso em 2025, elaborado pelo Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap). São eles os deputados federais Antonio Brito (PSD), Daniel Almeida (PCdoB), Elmar Nascimento (União Brasil), Leo Prates (PDT) e Paulo Azi (União Brasil) e os senadores Jaques Wagner (PT) e Otto Alencar (PSD). Na nova leva, somente Prates e Azi aparecem pela primeira vez. Os demais já são veteranos de edições passadas.
Onde a corda arrebenta
O bloqueio judicial nas contas do Instituto Nacional de Tecnologia em Saúde (INTS), epicentro do esquema de corrupção e desvios de recursos do SUS em Salvador desbaratado pela Operação Dia Zero em 12 de junho, respingou justamente no lado mais fraco da corda. Ou seja, os funcionários contratados pela entidade para atuar no contrato de gestão da UPA de Brotas, unidade de pronto atendimento vinculada à Secretaria Municipal de Saúde. Em contato com a coluna, colaboradores do INTS afirmaram que estão sem receber os salários de junho, sob a alegação de que o instituto não tem dinheiro em caixa devido ao sequestro das contas bancárias feito a pedido da Polícia Federal.
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