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Empresa que comanda presídios baianos ganha concessão para explorar estações do BRT
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Por Jairo Costa Júnior
Notícias exclusivas sobre política e os bastidores do poder
Empresa que comanda presídios baianos ganha concessão para explorar estações do BRT
Reviver venceu concorrência aberta pela prefeitura de Salvador e vai poder negociar espaços publicitários e lojas por 25 anos, em negócio tocado em parceria com dono do Grupo Socicam

Foto: Betto Jr./Secom PMS
A Reviver Administração Especializada, que gere presídios na Bahia e em mais três estados, está entre as vencedoras da licitação para explorar comercialmente por 25 anos as estações do BRT de Salvador e o Terminal de Transbordo Mané Dendê, no Subúrbio da cidade. Para ganhar o contrato, firmado sob regime de concessão onerosa de uso, a empresa ofereceu à prefeitura um repasse anual de R$ 101 mil, mais 5% da chamada receita operacional bruta, termo que se refere ao valor total de vendas de produtos ou serviços, antes de quaisquer deduções, tais como impostos, devoluções e descontos.
Cerejas do bolo
De acordo com o edital de licitação lançado no fim de julho deste ano pela Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob), a Reviver poderá usar áreas comerciais e espaços livres já construídos no Terminal Mané Dendê e em quatro estações do BRT - Hiper, Cidadela, Vale das Pedrinhas e Pituba - para atrair interessados em operar lanchonetes, lojas e empresas de serviço. O contrato permite ainda, por meio de subsidiária ou através de terceiros, explorar ações de publicidade, negócio tido no mercado como altamente lucrativo, e realizar eventos culturais ou esportivos.
Recordar é viver
A Reviver ganhou notoriedade no mercado de grandes contratos públicos no estado ao arrematar leilões de concessão de quatro unidades prisionais administradas em regime de cogestão com o governo estadual: os conjuntos penais de Juazeiro, Eunápolis, Valença e Serrinha. Figura no quadro societário da Reviver o empresário Walter Tannus, mais conhecido por sua atuação como presidente do Sindicombustíveis, sindicato que reúne os donos de postos de gasolina na Bahia.
Parceiro de peso
Além da Reviver, também integra o Consórcio Estações Vivas, nome oficial da vencedora da concorrência, a Admobi Mobilidade e Administração, que tem entre os sócios o empresário Gilberto Menezes, investidor da área portuária e dono de diversas empresas do ramo. Entre as quais, a Socicam, que administra aeroportos, rodoviárias e terminais urbanos em diversos estados do país.
Alta estação
Na Bahia, a Socicam controla os aeroportos de Porto Seguro, Vitória da Conquista, Ilhéus e Ilha de Comandatuba, em Una, fora a Estação da Lapa, o maior hub do transporte público urbano na capital baiana. Por meio da Contermas e da Portmar, das quais também é proprietário, Gilberto Menezes possui a concessão do Terminal Náutico de Salvador e recentemente conquistou o contrato para operar quatro marinas na Baía de Todos os Santos: Itaparica, Penha, Salinas da Margarida e Cacha-Pregos.
Pano de fundo
Aliados do deputado estadual Nelson Leal (PP) atribuem o súbito rompimento dele com a base aliada ao governador Jerônimo Rodrigues (PT) à necessidade de encontrar uma saída honrosa para a perda de musculatura que o parlamentar enfrenta. Em resumo, Leal havia anunciado há meses que não iria disputar a reeleição em 2026. Em seu sétimo mandato na Assembleia Legislativa da Bahia (Alba), alegou estar cansado da vida pública e negociava o capital político que acumulou com ex-prefeito de Paratinga, Marcel José Carneiro de Carvalho (PT), pré-candidato a deputado estadual.
Água no chope
Acontece que Marcel Carvalho foi alvo da Operação Overclean em 29 de julho deste ano, quando a Polícia Federal (PF) apreendeu R$ 3,2 milhões escondidos em um armário na casa do ex-prefeito de Paratinga. O dinheiro, segundo a PF, foi supostamente desviado de emendas parlamentares destinadas ao município durante sua última de gestão (2021 a 2024). Com isso, o acordo feito por ele com Nelson Leal subiu no telhado. Contudo, o deputado já vinha perdendo espaço na Alba desde que antecipou a aposentadoria.
Resta um
A saída da cena política deixou Nelson Leal fora da agenda de prioridades da articulação política do Palácio de Ondina, que passou a ignorar suas demandas. De quebra, perdeu a cota de cargos que possuía na Assembleia. "Nelson ficou aborrecido com Jerônimo e, como já estava fragilizado dentro da base, restou a ele romper com o governo e anunciar aliança com a oposição", confidenciou um interlocutor próximo ao deputado do PP, em referência ao recente anúncio no qual Leal afirma que assumirá uma das coordenações da campanha do ex-prefeito de Salvador ACM Neto (União Brasil) ao governo do estado em 2026.
Minha casa, sua vida
A Secretaria Municipal de Governo (Segov), comandada pelo ex-deputado federal Cacá Leão (PP), permanece como abrigo de aliados políticos do União Brasil derrotados na eleição passada, por meio de nomeações para o posto de assessor estratégico de gestão ou de gerente da pasta. É o caso do ex-vice-prefeito de Itabuna, Enderson Bruno dos Reis, o Guinho (União Brasil). Rifado em 2024 da dobradinha com o prefeito da cidade, Augusto Castro (PSD), Guinho tentou retornar à Câmara de Vereadores de Itabuna, mas obteve apenas a suplência. Para não ficar na bacia das almas, assegurou semana passada um cargo comissionado na Segov, onde virou o mais novo gerente.
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