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Terça-feira, 19 de março de 2024

Saúde

Badaró explica diferenças entre tratamento profilático e precoce contra a Covid-19

Infectologista nega que tenha posicionamento político

Badaró explica diferenças entre tratamento profilático e precoce contra a Covid-19

Foto: Metropress

Por: Matheus Simoni no dia 09 de abril de 2021 às 09:45

 

O médico infectologista Roberto Badaró comentou o desenvolvimento de pesquisas para identificar substâncias importantes na luta contra a Covid-19. Em entrevista a Mário Kertész na Rádio Metrópole hoje (9), ele afirmou que as críticas que recebe não são justas. "As pessoas que estão querendo me criticar, infelizmente, não estudam e não avançam no conhecimento científico da maneira como se deve fazer. Você deve olhar não só uma literatura. Você deve olhar a literatura de publicações que coloquem o que há de ciência na covid", afirmou Badaró.

Ainda segundo o infectologista, o trabalho dele não se confunde com ideologias partidárias. "Eu sou cientista, não sou partidário político. Nunca fui e nunca tive nenhuma tendência para a carreira política, nem ser favorável a A, B ou C. Na verdade, eu acho que cada pessoa, dentre a sua profissão, deve ter a sua postura. Minha postura sempre foi a postura dos cientistas. Não sou bolsonarista, não tenho nenhuma relação e nem ligação com isso, como também não sou petista. Nunca fui, apesar de servir a todos os governos", disse.

Badaró ainda pontuou que existem diferenças entre recomendar substâncias para tratamento dos pacientes e a adoção de métodos que não têm eficácia contra o vírus. Ele afirmou que, por conta do vírus ser uma novidade, diversos trabalhos foram surgindo ao longo do ano da pandemia para atestar a efetividade. "O que existe é uma indicação específica de tratamento para cada pessoa. As drogas que você escolhe vão depender do que você tem. A epidemia tem um ano. Nenhuma ciência traz nada definitivo em um ano. Não existe isso. Os dados vão ocorrendo à medida em que os casos vão ocorrendo. A maior coisa que o médico pode ter, seu patrimônio, é a sua experiência. Eu tenho hoje 8,4 mil pacientes registrados no meu consultório. Minha mortalidade, eu abro para qualquer um, é uma das menores do mundo porque tomo atitude para o meu paciente. Se eu não tenho o melhor, ofereço a ele o que está em minhas mãos. O pior é fazer a política, sentado à beira da estrada esperando a morte chegar", declarou o infectologista.

"Hoje, se você me perguntar, tem alguma medicação eficaz contra a covid, sabe qual a resposta? Nenhuma. Tem medicações que mostram que faz uma redução da carga viral, algumas mais efetivamente, outras menos efetivamente. Cabe ao médico, como defendeu o presidente do Conselho Federal de Medicina, decidir o que é melhor para o seu paciente à luz da ciência e da experiência que ele tem", explicou.

Badaró ainda pontuou as diferenças entre tratamento profilático e tratamento precoce. Segundo ele, a principal divergência é o uso descontrolado de medicamentos sem que o paciente tenha sido infectado pela doença. "Algumas pessoas defenderam e propagaram o uso profilático. Eu nunca recomendei a paciente nenhum meu o uso profilático. Uso profilático não quer dizer que você esteja infectado. A pessoa não está infectada e fica tomando para não pegar, como se fosse uma vacina. Isso não existe para medicação nenhuma. Por outro lado, existe o que chamamos de tratamento precoce. Não tenho dúvida, defendo e defenderei sempre que o paciente infectado deve procurar o seu médico. Ele deve ter a sua atenção. A utilização de determinadas medicações pode prevenir a progressão da doença e eu tenho demonstrado isso", ressaltou.