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Foi o eleitorado de centro que decidiu a eleição presidencial de 2022, diz jornalista

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Foi o eleitorado de centro que decidiu a eleição presidencial de 2022, diz jornalista

Autora do livro "Voto a voto: os cinco principais motivos que levaram Bolsonaro a perder (por pouco) a reeleição”, Maria Carolina Trevisan foi entrevistada na Metropole nesta sexta-feira (24)

Foi o eleitorado de centro que decidiu a eleição presidencial de 2022, diz jornalista

Foto: Reprodução/Youtube

Por: Metro1 no dia 24 de maio de 2024 às 10:28

A eleição presidencial de 2022 ficou marcada na história do Brasil por ser a primeira, desde a redemocratização, em que um presidente não consegue ser reeleito. O pleito e os motivos que levaram à derrota do ex-presidente Jair Bolsonaro se tornaram objeto de estudo do recente livro da jornalista Maria Carolina Trevisan. Em entrevista à Rádio Metropole nesta sexta-feira (24), ela contou que foi estudado o que fez o comportamento do eleitor mudar entre 2018 e 2022 e a gestão bolsonarista durante a pandemia foi um dos principais fatores.

Segundo Trevisan, quem definiu essa eleição foram os eleitores que mudaram de opinião - votaram em Bolsonaro em 2018 e na eleição seguinte escolheram Lula. “São duas questões importantes. A primeira é que Lula ganhou por muito pouco, foi a menor diferença de uma disputa presidencial da história democrática brasileira. E o outro ponto é que Bolsonaro perdeu uma reeleição, e nunca um presidente em reeleição perdeu um pleito”. 

Qual foi a motivação para esse eleitorado para mudar de opinião foi o foco principal do livro de Trevisan e Maurício Moura, intitulado “Voto a voto: os cinco principais motivos que levaram Bolsonaro a perder (por pouco) a reeleição”. 

“O principal motivo foi a gestão da pandemia. Fica muito claro o livro que o eleitorado escolhe pela política pública, não é pela ideologia. Bolsonaro tem um eleitorado muito frio, de 15% que continua votando nele, vai votar nele pra sempre. Não muda de opinião, são os mais radicais. Mas existe aí um eleitorado mais flutuante, que está mais ao centro, que foi quem definiu a eleição”, afirmou a jornalista.

Outro fator determinante para a derrota de Bolsonaro foi o fato de Lula conseguir agregar à sua candidatura setores que nunca estiveram aliados a ele, como Simone Tebet (MDB), hoje ministra do Orçamento e Planejamento, e Geraldo Alckmin (PSB), agora vice-presidente. Isso permitiu que uma parte do eleitorado, mesmo não sendo a favor de Lula, escolhessem ele pelo anti-bolsonarismo , apontou a jornalista, pontuando que “ainda há um sentimento antipetista muito forte no eleitorado brasileiro”. 

“Foi muito importante esse tipo de aliança que ele fez com Simone, com Alckmin, essa frente mais ampla que eles tentaram construir naquele momento. Depois, na hora de governar, é mais difícil de implementar, mas na hora da eleição foi super importante pra convencer o eleitorado de que ele teria condições de governar, de fazer uma gestão melhor do que a gestão do Bolsonaro, especialmente num ambiente tão polarizado quanto está nosso país”, avaliou.

Pandemia determinante 

“A gestão da pandemia mexeu muito com o eleitorado. E isso é muito importante, porque a pandemia foi muito concreta, mudou a vida das pessoas. Perderam pessoas, perderam acesso à escola para os filhos, perderam acesso à merenda escolar naquele primeiro momento, tiveram também uma perda de renda importante. Esse eleitorado foi o que desistiu de Bolsonaro assim, com ênfase, arrependido mesmo, falando que eu não vou mais votar, eu me arrependo muito”, detalhou. 

A jornalista citou a negativa de chegada das vacinas contra Covid, o episódio em que Bolsonaro imita uma pessoa com falta de ar durante a crise de carência de oxigênio em Manaus e a relação com o então ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta como principais episódios que afetaram a percepção do eleitorado.

“Esse tipo de piada com o país em uma situação em que a sua população está sofrendo, isso mobiliza o eleitorado, bate mal [...] O eleitorado percebeu essa falta de empatia, a falta de humanidade para uma pessoa que está liderando um país. O outro ponto foi que no primeiro momento da pandemia, quando o ministro era o ministro Mandetta, via-se que havia ali pelo Ministério da Saúde uma tentativa de implementar políticas que pudessem conter a contaminação. Só que aí a popularidade do Mandetta foi muito alta. Bolsonaro não gostou daquilo e começou a boicotar", lembrou. 

Confira a entrevista: